“Obsession”, o quarto álbum de estúdio da dupla americana The Driver Era, lançado em 11 de abril de 2025 pela Too Records, marca um avanço notável na maturidade criativa dos irmãos Ross e Rocky Lynch. Ao mesmo tempo em que preserva a estética vibrante e sensual que define a identidade da banda, o disco amplia seus horizontes musicais e temáticos, apresentando uma sonoridade mais refinada, multifacetada e conceitualmente coesa.
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A base estrutural do álbum é construída sobre elementos sólidos do pop alternativo, com forte influência do synth-rock e do funk eletrônico. As faixas se apoiam em linhas de baixo marcantes, guitarras moduladas com precisão e sintetizadores com textura quase visual, como luzes estroboscópicas disparadas em câmera lenta.
A produção de “Obsession” é um ponto de destaque. Embora o álbum traga seis singles lançados previamente (“You Keep Me Up at Night”, “Don’t Walk Away”, “Touch”, “Same Old Story”, “Don’t Take the Night” e “Can’t Believe She Got Away”) a escuta completa do disco não soa como uma colagem de lançamentos esparsos. Pelo contrário, há uma arquitetura sonora intencional, em que cada faixa contribui para um fluxo narrativo que alterna entre o efêmero e o duradouro, entre o desejo imediato e o vazio pós-êxtase.
Logo nas primeiras faixas, a direção estética do álbum se estabelece com clareza. “Touch” é um dos exemplos mais bem resolvidos desse novo momento da banda: percussiva, sensual, construída sobre graves tensos e vocais que exploram o espaço rítmico com inteligência. Há ecos de Prince e da estética de trilhas sonoras de filmes neon-noir, mas também um frescor contemporâneo que posiciona a The Driver Era dentro do zeitgeist do pop digital.
“Don’t Walk Away” e “Same Old Story” adicionam contraste ao núcleo do álbum, apostando em letras confessionais e em refrões que jogam com o sentimentalismo sem cair em fórmulas. A produção evoca referências oitentistas com precisão, mas não nostalgia gratuita. O uso de sintetizadores é sempre funcional: cria atmosfera, tensão, textura emocional.
Em contraste com a pulsação mais dançante dos singles principais, o álbum reserva um espaço generoso para introspecção e crítica social, especialmente no terço final. “I’d Rather Die”, “Everybody’s Lover” e “Better” oferecem um contraponto necessário: faixas com arranjos mais contidos e temáticas que exploram o esgotamento emocional, os jogos de aparência nas redes sociais e a busca por intimidade verdadeira em meio à cultura da superexposição.
O álbum também se beneficia da bagagem acumulada pela dupla em turnês massivas e no circuito viral de plataformas como TikTok. Essa vivência ao vivo se infiltra na estética das músicas, que parecem sempre prontas para serem performadas, remixadas ou replicadas mas, ao mesmo tempo, carregam conteúdo emocional suficiente para resistir ao desgaste da repetição. A “Obsession Tour”, que passa por quatro continentes, apenas reforça a eficácia dessa proposta de conexão direta e sensorial com o público.
“Obsession” representa um amadurecimento calculado e necessário para a The Driver Era. Em vez de optar pela segurança das fórmulas de sucesso anteriores, a banda se arrisca em um território mais sofisticado, mantendo a acessibilidade pop, mas adicionando profundidade e nuance às suas composições. O disco equilibra com maestria o impulso dançante e o desejo de se comunicar com autenticidade e, por isso, é talvez o trabalho mais completo, coeso e reflexivo da dupla até aqui.
Sem perder o brilho e o apelo visual que sempre os acompanhou, os irmãos Lynch mostram que crescer artisticamente é também aprender a tornar os próprios desejos e vulnerabilidades combustíveis para o som. “Obsession” é a prova de que uma identidade musical pode evoluir sem se fragmentar e de que há beleza em transformar fascínio em linguagem.
Nota final: 84/100
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