Quando o assunto é reinvenção, ousadia e impacto cultural, poucos nomes se sustentam com tanta força quanto o de Lady Gaga. Mais do que uma artista, Gaga se consolidou como uma força criativa que moldou e desafiou os limites da música pop nas últimas duas décadas. Agora, prestes a desembarcar em solo brasileiro com o gigantesco evento Todo Mundo no Rio carinhosamente apelidado de “Mayhem na Praia” a cantora promete não apenas um espetáculo, mas um momento histórico.
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Marcado para 3 de maio de 2025, o show gratuito na Praia de Copacabana marca o retorno de Gaga ao Brasil após treze anos, desde a icônica turnê “The Born This Way Ball“. A expectativa é que mais de 1,5 milhão de pessoas tomem as areias cariocas, em um evento transmitido ao vivo para todo o mundo pela TV Globo, Globoplay e Multishow. A magnitude do acontecimento coloca a apresentação como uma das maiores de sua carreira, com potencial para se tornar um marco definitivo na história da música ao vivo no Brasil.
Em clima de contagem regressiva para esse momento, vale olhar para trás e revisitar três eras fundamentais que ajudaram a construir o legado de Gaga. São capítulos distintos de uma artista que nunca se repetiu, sempre avançou, e agora chega ao Brasil com o seu oitavo álbum, “Mayhem”, celebrando uma trajetória repleta de revoluções visuais, sonoras e culturais.
“The Fame”
Lançado em 2008, “The Fame” não foi apenas o primeiro álbum de Lady Gaga foi uma redefinição completa do que se esperava do pop naquele momento. Enquanto o mainstream ainda girava em torno do R&B e do hip hop, Gaga apostou em um electropop carregado de sintetizadores e estética futurista, resgatando a energia do synthpop dos anos 80 e imprimindo sua identidade com uma força poucas vezes vista.
O álbum não chegou despretensiosamente. Ao contrário: foi meticulosamente construído com a ajuda de produtores como RedOne e Rob Fusari, e ancorado por uma campanha visual ousada e performática. Mas sua maior força estava no conteúdo: faixas como “Just Dance” e “Poker Face” não apenas explodiram nas paradas ambas conquistando o topo da Billboard Hot 100 como também ajudaram a estabelecer um novo padrão para a música pop digitalizada do final dos anos 2000.
Liricamente, “The Fame” é uma reflexão ácida e sedutora sobre desejo, consumo, fama, sexo e identidade. A crítica especializada não hesitou em elogiar a coesão do projeto, sua produção impecável e a potência vocal da cantora. Em 2010, o álbum foi incluído na lista da Rolling Stone dos 100 melhores álbuns de estreia da história, consolidando seu valor histórico. Comercialmente, ultrapassou 15 milhões de cópias vendidas no mundo todo e permanece como uma das obras mais influentes da virada da década.
Mais que um sucesso comercial, “The Fame” foi o ponto de partida de uma artista que se colocou, desde o início, como uma performer total. Cada clipe, cada figurino, cada aparição pública era um manifesto e todos queriam saber: até onde Lady Gaga poderia ir?

“Born This Way”
Se “The Fame” apresentou Gaga ao mundo como uma estrela pop inusitada, foi com “Born This Way”, lançado em 2011, que ela revelou a profundidade de sua ambição artística e política. O álbum expandiu sua paleta sonora com uma mistura audaciosa de pop eletrônico, rock, metal, disco e influências líricas do gospel. Mais que música, “Born This Way” era uma declaração sobre inclusão, identidade, espiritualidade e liberdade individual.
O single homônimo foi um marco instantâneo. Com versos que celebram a autoaceitação e a diversidade, tornou-se um hino da comunidade LGBTQIA+ em escala global. O disco só manteve Gaga no topo das paradas vendendo mais de um milhão de cópias nos Estados Unidos em sua primeira semana como também reforçou sua imagem de artista engajada e provocadora. Cada faixa carregava uma afirmação: “Judas”, “The Edge of Glory”, “Hair”, “Marry the Night”… todas criadas para desafiar, emocionar e unir.
“Born This Way” foi controverso, claro. As referências religiosas e o uso de símbolos católicos em contextos pop geraram reações em diferentes países chegando a ser temporariamente proibido no Líbano. Mas essa era, justamente, a proposta: Lady Gaga queria provocar o desconforto para abrir conversas. E conseguiu.
Ao final do ciclo, Gaga não era mais só uma estrela. Era uma líder cultural. Uma figura cuja arte ecoava nas ruas, nos discursos e nas marchas. Uma artista que entendeu que a música pode ser entretenimento, mas também pode ser trincheira.

“Artpop”
Entre as eras de consagração e as fases de transição, poucas geraram tanta discussão quanto “Artpop”, de 2013. Trata-se de uma obra que dividiu opiniões tanto de críticos quanto de fãs mas que, em retrospecto, revela uma faceta vital de Gaga: sua capacidade de correr riscos mesmo no auge.
“Artpop” nasceu no meio de um momento turbulento pessoal e profissional. Após uma cirurgia no quadril que interrompeu a turnê anterior, Gaga mergulhou em um processo criativo que foi ao mesmo tempo catártico e desafiador. O álbum combina EDM, synthpop, dubstep, rock, hip hop e funk, em uma mistura propositalmente desordenada, espelhando o caos emocional da artista naquele período.
A produção do disco foi diversa com nomes como Madeon, Zedd e David Guetta e as faixas navegaram entre temas densos e momentos de pura excentricidade. “Applause”, “Do What U Want” e “G.U.Y.” capturaram bem essa mistura de vulnerabilidade e espetáculo.
Mesmo com uma estreia comercial forte número 1 na Billboard 200 “Artpop” foi recebido com certo ceticismo, acusado por alguns de falta de foco e profundidade. Ainda assim, a obra foi resgatada por muitos fãs ao longo do tempo, reconhecida por sua autenticidade artística e por servir como um retrato cru de um momento de ruptura na trajetória de Gaga. Foi, ao mesmo tempo, um colapso e uma semente para futuras reinvenções.

“Mayhem”
Agora, em 2025, Lady Gaga retorna ao centro da cultura pop com “Mayhem”, um álbum que parece sintetizar tudo o que ela já foi e tudo o que ainda pode ser. Descrito como uma “mistura caótica de gêneros”, “Mayhem” combina synthpop, industrial dance, rock e elementos de disco e pop rock. É um disco que respira intensidade, mas com clareza artística. Um trabalho coeso que reconhece o caos como linguagem e o transforma em pop de altíssimo nível.
Gravado no estúdio Shangri-La, de Rick Rubin, o disco se destacou tanto pela crítica quanto pelo público. Com faixas como “Disease”, “Abracadabra” e o dueto premiado “Die with a Smile” (com Bruno Mars), Gaga reafirma seu lugar como uma das artistas mais inventivas e respeitadas de sua geração. “Mayhem” estreou no topo das paradas de 19 países e já é considerado por muitos críticos como seu álbum mais consistente desde “The Fame”.
Mas mais do que números ou prêmios, “Mayhem” marca o reencontro de Gaga com a sua essência: a de uma artista que encontra na transformação sua forma mais pura de expressão. E é esse espírito que estará no palco em Copacabana um espetáculo que promete ser mais que um show: será uma celebração de tudo que Gaga representa.

“The Fame” fundou o império. “Born This Way” desafiou o mundo com ideais. “Artpop” desfez a armadura para mostrar a vulnerabilidade. E agora, “Mayhem” costura tudo isso num trabalho maduro, intenso e multifacetado. Essas quatro eras são a espinha dorsal de uma artista que se recusa a ser estática e que chega ao Brasil mais viva, relevante e provocadora do que nunca.
Se você ainda não está empolgado para viver “Mayhem na Praia”, talvez seja hora de revisitar essas fases. Cada uma delas diz muito sobre quem é Lady Gaga e sobre o que o pop pode ser quando feito com visão, coragem e propósito.
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