“Olympo” chegou cercada de barulho. A promessa era entregar um drama esportivo com tensão, performance e muita ambição juvenil. A Netflix lançou a série já nas últimas semanas de junho, e em questão de horas ela virou pauta em todo lugar. Mas o que parecia mais um retrato estilizado da vida atlética rapidamente se mostrou algo bem mais incômodo. O que está por trás do sucesso? Até onde alguém precisa ir para ser o melhor? E, principalmente, o que se perde no processo?
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A série parte de um ponto aparentemente simples: jovens atletas vivendo à beira do colapso físico e mental em busca da excelência. Mas por trás dos treinos intermináveis, dos corpos perfeitos e da disciplina extrema, “Olympo” revela uma estrutura podre, sustentada por abuso psicológico, doping disfarçado e manipulações cruéis. O foco está em Amaia, uma nadadora de elite que já passou do limite há muito tempo e que só percebe isso quando é forçada a encarar o sumiço da melhor amiga, Nuria.
O que se desenrola é uma espiral de paranoia, desconfiança e decisões impossíveis, tudo em meio ao cerco de um sistema esportivo que exige entrega total sem dar nada em troca. Amaia descobre que o tal “centro de excelência”, o suposto paraíso chamado Olympo, na verdade esconde uma rede de experimentos químicos e controle emocional. Um lugar onde os melhores não são escolhidos por mérito, e sim moldados como produtos, dopados à força, condicionados à obediência e descartáveis no primeiro erro.
O final da temporada transforma a tensão em tragédia silenciosa. Pressionada pela mãe, iludida com a possibilidade de recuperar seu lugar no topo, traída por um sistema que já decidiu seu destino, Amaia cede. Ela aceita o plano. Ela toma a droga. Ela entra na piscina ao lado de Nuria e entrega uma apresentação impecável, ultrapassando qualquer limite técnico. Mas o preço vem logo depois: o olhar de decepção dos colegas, o sorriso vazio da mãe, e o corpo inerte no fundo da piscina.
É simbólico, é cruel e é extremamente eficaz. O maior feito de Amaia não é celebrado. Ele é solitário. E é falso.
Enquanto isso, as rachaduras se espalham por todos os lados. Zoe, a aliada mais fiel de Amaia, se junta a Christian, Rogue e Sebas. Juntos, eles tentam denunciar o que descobriram, armados com um frasco da substância que vem sendo testada nos atletas. Mas o plano é arriscado. Alguém ouve. Por sorte, é Renata, que também decide virar o jogo e entrega o frasco à ADA.
O detalhe mais amargo de todos? Hugo, um dos arquitetos do esquema, decide dispensar Amaia exatamente quando ela cede. A medalha foi conquistada. O recorde foi quebrado. Mas ela não serve mais. E não é por causa da droga. É porque, no fundo, ela ainda representa um risco. Ainda pensa. Ainda questiona. E esse tipo de atleta é o tipo que o Olympo não consegue controlar por muito tempo.
A grande sacada do final é que ele não entrega catarse. Entrega desconforto. Não há justiça plena. Não há punição exemplar. Não há vilão desmascarado em horário nobre. Há silêncio, culpa, olhos baixos e o começo de um movimento tímido de resistência. A vitória da temporada é simbólica, e talvez frágil, mas está lá: Zoe escolhe a verdade. E agora não está mais sozinha.
Se a série continuar, a próxima temporada tem o potencial de mostrar o efeito colateral mais devastador de todos: a reação de quem acreditava na meritocracia e agora sabe que tudo era mentira. Como os amigos de Amaia vão lidar com sua escolha? Como ela vai lidar consigo mesma? Será que ainda existe redenção ou o mergulho foi fundo demais?
“Olympo” não fecha a temporada com um troféu. Fecha com um espelho. E o que ele reflete é incômodo demais para ser ignorado. Porque por trás de cada pódio pode existir um sistema pronto para destruir quem ousar duvidar dele. E só quando a performance acaba é que a realidade aparece. Com tudo que ela tem de cruel, suja e tristemente real.
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