“Instinto Materno“ acompanha a vida de duas vizinhas que vivem vidas aparentemente perfeitas: Alice (Jessica Chastain) e Celine (Anne Hathaway). A harmonia da vizinhança é quebrada quando o filho de uma delas sofre um acidente fatal. Celine culpa Alice pela morte de seu filho, e esta, por sua vez, se sente culpada e paranóica, acreditando que Celine pode estar buscando vingança. Uma envolvente disputa tem início à medida que as duas vizinhas mergulham na loucura e na violência.
O filme, inspirado no livro de Barbara Abel, conta com um elenco de peso, incluindo Jessica Chastain, Anne Hathaway, Josh Charles e Anders Danielsen Lie. Hathaway e Chastain foram responsáveis por convidar Benoît Delhomme para assumir a direção, que revelou ter sempre desejado dirigir um filme, especialmente com um elenco tão talentoso como este.
A densidade da narrativa impactou profundamente Hathaway, que revelou em entrevista para a Vogue Hong Kong que o filme foi “o papel mais difícil de sua carreira”. A atriz ainda acrescentou: “toquei no meu maior medo e quase desisti do filme porque não sabia se conseguiria explorar isso como atriz”.
O filme é um thriller lento que apresenta diálogos longos e expositivos. No entanto, apesar da lentidão as protagonistas apresentam uma dupla incrível, a tensão, a química e o sentimento entre as duas atrizes são destacados, assim como a reviravolta e o final desesperador.
Durante a narrativa o longa explora a deterioração da amizade entre as duas personagens após o trágico acidente. A química entre elas cria uma dinâmica de amizade que se desfaz ao longo do filme, com Alice culpando Celine por uma série de incidentes na família de Alice, enquanto Celine tenta se reaproximar e enfrenta a paranoia de Alice.
Embora o roteiro apresente algumas inconsistências na trama e um desfecho explícito que pode causar estranheza, as performances e o fato de adaptar uma história tão complexa, com muitas camadas e discussões, o filme finaliza sua jornada com saldo positivo, com ciclos que se fecham sem muito esforço e tensões que vão deixar todos os espectadores completamente desnorteados.
Em uma perspectiva mais aberta, o longa ainda pode ser apreciado como um filme de drama psicológico, com elementos como a dinâmica familiar e a deterioração da amizade entre as protagonistas sendo habilmente explorados. Apesar de algumas falhas na execução da trama, não ocorre nada que comprometa a experiência. Alguns pontos realmente chegam a beirar o absurdo; no entanto, toda essa estranheza está vinculada a uma ambientação de época confusa. Por exemplo, em alguns momentos, o filme parece se passar nos dias atuais, mas em outros, parece se passar na época em que efetivamente se desenrola. Algumas ações e reações também podem colocar a qualidade narrativa em prova, porém nada que vá te fazer sair da sala de cinema sem concluir a experiência. O filme é uma eterna lembrança de que um bom elenco pode salvar qualquer furo de roteiro.
O novo longa das vencedoras do Oscar chega aos cinemas brasileiros no dia 28 de março.
Instinto materno – Benoît Delhomme: ☆☆☆