Em “Coringa: Delírio a Dois“, acompanhamos Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), o ex-palhaço que trocou as piadas sem graça pela violência para lidar com seus traumas e uma Gotham City em crise. No primeiro filme, o personagem já mostrava que era bom em descer ladeira abaixo, e agora, na sequência, ele tenta se manter no topo — ou no fundo — de sua espiral de loucura. O novo filme, com estreia em 3 de outubro de 2024, promete mais confusão emocional, mais música do que talvez precisássemos e, claro, a sempre intrigante figura de Arthur no centro de tudo. Quer conferir? Verifique a disponibilidade de ingressos no cinema mais próximo de você.
Mas, vamos ao ponto: o que todo mundo quer saber é, Lady Gaga segura a onda como Harley Quinn? Ou melhor, como “Lee“, a versão desse universo? A resposta curta: não muito. Desde o anúncio de Gaga no elenco, as expectativas ficaram no topo do arranha-céu mais alto de Gotham. Acontece que, infelizmente, a transição da diva pop para o caos psicológico de Harley foi mais difícil do que aparentava. O roteiro parece não querer ajudar. Mesmo com todo o carisma e as cordas vocais poderosas de Gaga, o filme não encontra equilíbrio entre musical e drama sombrio. E olha que ele tenta!
Os números musicais, ao invés de dar brilho à trama, parecem só deixar a plateia perguntando: “Era para estar acontecendo isso agora?”. Quando Phoenix e Gaga cantam juntos, é como se a intensidade de Arthur sugasse qualquer possibilidade de Gaga brilhar. Ela faz o possível, mas o roteiro a deixa numa sinuca de bico: ou ela canta ou explora a loucura fascinante de Harley. No fim, ela faz um pouco dos dois, mas não o suficiente para nos fazer acreditar. O personagem de Gaga nunca ganha a profundidade e o destaque que esperamos de Harley, e ao lado de Phoenix, ela parece estar sempre correndo atrás de relevância em meio ao show de horrores que é Arthur Fleck.
Enquanto isso, Phoenix está lá, em pleno modo “Coringa total”, dominando cada cena com a maestria que só ele tem. O ator se aprofunda ainda mais no tormento de Arthur, e fica difícil desviar os olhos da sua performance. Ele é tão bom que parece até injusto com o resto do elenco — especialmente com Gaga, que, no máximo, consegue uns momentos aqui e ali para mostrar seu talento.
E aí vem o ponto principal: “Coringa: Delírio a Dois” parece indeciso sobre o que quer ser. Um musical? Um drama psicológico? Uma sátira de Fred Astaire com pitadas de filme de tribunal? O filme se arrasta por várias identidades, mas nunca parece ter certeza de qual vestir. Até tenta ser ousado ao criticar a própria legião de fãs do primeiro longa, mas acaba soando mais como uma bronca confusa do que um comentário inteligente. Quando as grandes revelações do terceiro ato chegam, a plateia já está mais perdida do que nunca, se perguntando onde tudo aquilo estava tentando chegar.
No meio de tudo isso, Lady Gaga continua cantando e dançando. Em uma das cenas mais visualmente impactantes — ela literalmente dança em meio ao fogo —, ficamos impressionados, mas sem o impacto emocional que a personagem merecia. Uma pena, porque Gaga tem potencial, só faltou o roteiro deixá-la sair da sombra de Arthur.
A trilha sonora de Hildur Guðnadóttir é um dos pontos altos, conseguindo misturar bem o tom sombrio com as fantasias musicais. Mas nem isso salva o filme de sua própria confusão estética e emocional. No fim das contas, “Coringa: Delírio a Dois” é uma tentativa de ser mais profundo do que o original, mas acaba se afogando em suas próprias ambições. Se você gosta de ver Phoenix brilhando, vai encontrar o que procura. Mas se estava esperando ver Gaga roubar a cena, prepare-se para uma decepção.
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