Em 1596, o filho de onze anos de William Shakespeare, Hamnet, morreu em Stratford-upon-Avon, pequena cidade na Inglaterra, de causa desconhecida. Poucos anos depois, o famoso dramaturgo inglês escreveu a peça considerada por muitos sua obra-prima, dando a seu herói trágico uma variação do nome de seu filho morto. Passados quase quatro séculos, Maggie O’Farrell era adolescente, quando, na escola, ouviu falar do menino pela primeira vez. A semente da curiosidade plantada há trinta anos se transformou em um romance premiado e arrebatador que, sem mencionar o nome do dramaturgo, mergulha profundamente na história da família ― focando na trajetória da mãe da criança, a quem a autora chama de Agnes (outra variação do nome da esposa de Shakespeare seria Anna), e nas suas tentativas desesperadas de salvar o filho.
É a partir dessas poucas referências disponíveis sobre a vida do bardo que Maggie O’Farrell cria magistralmente a trama protagonizada por Agnes, uma mulher excêntrica e selvagem que costumava caminhar pela propriedade da família com seu falcão pousado na luva e tinha dons extraordinários, como prever o futuro, ler pessoas e curá-las com poções e plantas. Enquanto isso, o personagem mais famoso do romance não tem nome; ele é chamado de “seu marido”, “o pai”, “o tutor de latim”. Filho de um luveiro caído em desgraça e com péssima reputação na cidade, ele casou-se com a protagonista, detentora de uma generosa porção de terra e alguns anos mais velha. Tiveram uma filha e um casal de gêmeos.
Após o casamento, Agnes se torna uma mãe superprotetora e a força centrífuga na vida do marido, que seguira para Londres com o objetivo de se estabelecer como dramaturgo. A vida do casal é gravemente abalada quando o filho Hamnet sucumbe a uma febre repentina.
Saudado pela crítica e vencedor do Women’s Prize for Fiction em 2020, “Hamnet” chega às livrarias brasileiras no dia 8 de setembro, pela Intrínseca. Em julho, o romance foi lançado com exclusividade para os assinantes do clube do livro da editora ― o intrínsecos. O livro é um retrato brilhante de um casamento, uma evocação devastadora de uma família destroçada pelo luto e pela perda e uma reconstituição delicada e memorável de um menino cuja vida foi esquecida, mas cujo nome intitula uma das peças mais celebradas de todos os tempos.