O retorno do Royal Blood a São Paulo foi como uma explosão de energia musical, marcando sua terceira visita ao Brasil, e também sua primeira apresentação solo na cidade. A noite pairava carregada de expectativas, especialmente após suas performances anteriores em festivais e shows de abertura para gigantes como Pearl Jam. Contudo, desta vez, a experiência foi distinta, mais íntima e explosiva.
Desde os primeiros acordes, a conexão com o público era insana. Enquanto as batidas poderosas reverberavam pelo local, o baterista (Ben Thatcher) prontamente desceu do palco para finalizar a perfomance do mega-hit “Out of the Black“ criando um ambiente do bom “caos gostoso” que só um show de rock e capaz de proporcionar. Apesar das palavras breves, a comunicação física era constante, com círculos de fãs se formando as tradicionais “rodas punk” em diversos momentos do show.
A bateria explosiva de Ben Thatcher se encaixou perfeitamente com a voz amadurecida de Mike Kerr, como um vinho fino. É curioso como dois talentos tão contrastantes podem se conectar tão bem. A harmonia entre os dois é um dos pontos mais marcantes do Royal Blood. A capacidade de mesclar a energia pulsante da bateria com a profundidade vocal cria uma sinergia disruptiva. Suas diferenças individuais se complementam, resultando em uma sonoridade única e poderosa que prende a atenção do público a cada batida e nota. Essa habilidade de unir forças contrastantes é uma característica distintiva da banda, parte do que a torna tão magnética e atraente para o publico.
O setlist foi uma montanha-russa emocional, mesclando os clássicos consagrados com as mais recentes criações da banda. Cada faixa carregava consigo uma intensidade visceral, mergulhando os espectadores em um oceano de riffs poderosos e batidas pulsantes. A energia emanada pelo público era explosiva, impulsionando a performance da banda a novos patamares de excelência.
O extenso repertório da noite, com 18 músicas, evidenciou o comprometimento da banda em proporcionar uma experiência memorável aos seus fãs brasileiros. Entretanto, mesmo com tal generosidade, a sensação ao final do espetáculo era de ainda faltar umas 3 musicas, por exemplo, “Lose Change“, “Dont Tell“ e “I Only Lie When I Love You” se encaixariam perfeitamente na estrutura do show.
Ao longo dos anos, tenho acompanhado de perto o crescimento do Royal Blood, observando sua evolução tanto nos palcos quanto em sua sonoridade. E nesta noite, ficou claro como a energia e paixão do público latino-americano têm o poder de transformar um show em uma experiência transcendental. Por momentos, parecia que estávamos imersos na aura dos lendários concertos ao ar livre, onde a música explodia pelas vastidões do deserto e dos campos abertos.
Porém, o aspecto mais impressionante foi perceber a maturidade do público ao longo dos anos. Mesmo diante da evolução sonora da banda, os fãs permanecem leais, revelando uma compreensão profunda e uma conexão duradoura com a essência do Royal Blood. Isso é um testemunho da autenticidade e da ressonância duradoura da música deste talentoso duo.
SETLIST – Royal Blood em São Paulo dia 13 de abril de 2024, na Audio:
1 – Boilermaker
2 – Out of the Black
3 – Mountains at Midnight
4 – Come on Over
5 – You Can Be So Cruel
6 – Lights Out
7 – Shiner in the Dark
8 – Supermodel Avalanches
9 – Blood Hands
10 – Trouble’s Coming
11 – Typhoons
12 – Pull Me Through
13 – One Trick Pony
14 – Little Monster (Seguido por solo de bateria)
15 – How Did We Get So Dark?
16 – Loose Change
Encore:
17 – Ten Tonne Skeleton
18 – Figure It Out