A pandemia do novo coronavírus e a consequente quarentena determinada pelos governadores em todo o país atingiu diversos setores. Um dos primeiros a sentir esse impacto, os setores artístico e de eventos, têm criado formas de minimizar os danos. De acordo com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, a perda do setor audiovisual com a pandemia chega a R$ 34 bilhões. Por esse motivo, vários artistas e profissionais da área têm se unido para minimizar os prejuízos e movimentar a economia.
O empresário Bruno Carlos Viola atua no setor audiovisual desde 2016 e é dono de uma produtora de vídeo em Araçatuba. Após ver paralisados os shows presenciais de artistas que ele trabalhava, ele passou a apostar a gravação de clipes inéditos. Entre os artistas, estão a dupla Luiz Henrique & Léo, Gustavo Caldeira, Fernando Lima DC, Netinho Maia, Living Shileds dentre outros.
“Nós decidimos criar conteúdo novo para o público. O momento já é bastante difícil, doloroso para alguns que estão perdendo parentes para a doença, por isso nós não quisemos ficar parados”, conta.
Bruno é dono da Fly Movie e em contato com amigos passou a oferecer descontos de mais de 50% para que os artistas pudessem continuar gravando os seus clipes e interagindo com o público nas redes sociais. Ele explica que esse movimento faz parte de um esforço geral do setor para incentivar também os pequenos produtores culturais.
Antes da pandemia, Bruno conta que os trabalhos estavam a todo vapor. “Trabalhos planejados para vários parceiros, como DVD de uma dupla de Penápolis, quando tudo mudou. Ficamos sem aglomerações, sem shows e sem produções. Foi um choque para todos. Acompanhávamos vários eventos, todos os finais de semanas, de grandes artistas em vários estilos musicais e tudo teve de ser paralisado”, explica.
O empresário conta que demorou para compreender a situação em que o mundo estava entrando naquele momento e como não tinha eventos, automaticamente os artistas que vivem disso ficaram sem condições de produzir qualquer tipo de conteúdo de audiovisual.
“Conheço artistas que estão fazendo entregas por aplicativo dia e noite para sobrevier e bancar as contas. Pois artistas são sempre os últimos a serem lembrados em dias difíceis como estes que estamos passando. Comigo não foi diferente, tive que encarar e sair da zona de conforto. Eu comecei a fazer entregas de produtos de uma empresa de Araçatuba e revendendo produtos de limpeza porta a porta e vendendo produtos na internet para a peteca não cair”, afirma ao dar o exemplo de superação.
“Estamos atendendo a necessidade de cada um e juntos nos mantendo unidos e persistindo na luta pela sobrevivência do nosso ofício e da nossa arte. Acreditamos que em breve tudo isso irá passar”, acrescenta.
Investir em clipes e projetos audiovisuais está em alta neste período de pandemia. Segundo dados do YouTube, as buscas por conteúdo ao vivo cresceram 4.900% no Brasil na quarentena. O aumento do consumo de internet foi tão grande no mundo que as principais empresas de tecnologia precisaram se adaptar. Netflix e YouTube reduziram a qualidade dos vídeos disponíveis. Segundo estimativas, o serviço de streaming da TV Globo, o Globoplay, cresceu 123% no primeiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado.
“O nosso maior é foco é realmente fazer com que esses profissionais continuem trabalhando, continuem se comunicando com o seu público. Por esse motivo nós fizemos esses ajustes no valor reduzindo em certa medida até mesmo o nosso lucro, mas sem deixar que ninguém saísse no prejuízo”, completa o empresário.
Para se ter uma ideia da união de forças, pela primeira vez no mercado brasileiro, exibidores, distribuidores, produtores, criativos e parceiros da indústria estão envolvidos em um projeto único com o intuito de preparar e implementar a retomada do cinema no Brasil, num movimento chamado #JuntosPeloCinema. É uma ação inédita que, respeitando a individualidade de cada empresa e mantendo a livre concorrência, busca ações para manter acesa a magia do cinema.
Colaborando desde final de março, o grupo de profissionais voluntários envolvidos no projeto tem como meta retomar o diálogo entre a experiência da sala de cinema e o público, de agora até o momento de reabertura das salas pelas autoridades, respeitando os protocolos aplicáveis de segurança e bem-estar já determinados ou em elaboração pelos governos locais. A ideia nasceu dos profissionais que atuam no meio audiovisual visando auxiliar o segmento de mercado de exibição no Brasil a reencontrar seu público.