Conhecido pelos vídeos de humor que bombam nas redes sociais e por papéis cômicos no cinema, Ton Prado agora encara um desafio bem diferente: um suspense psicológico, gravado no deserto de sal da Bolívia. No filme “Rage Pill – Tempos de Ódio”, ele vive Alex, um anti-herói que mergulha em uma relação tóxica.
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Além de protagonizar, Ton também assina a produção do longa, que estreia em festivais a partir do segundo semestre. A história fala sobre masculinidades, controle e o mito da mulher perfeita tudo em meio a um cenário inóspito e gelado, que ajudou a intensificar as emoções.
Na entrevista abaixo, o ator revela os bastidores do longa, fala sobre as condições extremas durante as filmagens e reflete sobre sua versatilidade entre o drama, o humor e o palco.
A trama de “Rage Pill” aborda relações tóxicas. Como você se preparou para interpretar um personagem envolvido nesse tipo de contexto emocionalmente intenso?
“Para entender um pouco sobre estas relações, tive primeiro que entender um pouco sobre este mundo entre homens e mulheres que disputam essa atenção no relacionamento. O meu personagem tem um viés de tóxico, egoísta, protetor e submisso ao mesmo tempo. Aceita coisas desagradáveis pra se encaixar na vida feminina em que a namorada o coloca, então é uma guerra de conflitos entre eles. Na realidade muito próxima, temos amigos e pessoas conhecidas que vivem desta maneira. Entender o lado do que faz o outro sofrer ou se submeter dentro do relacionamento foi a principal preparação para chegar nesse contexto emocional durante as cenas.“
Você interpreta Alex, um anti-herói em “Rage Pill”. Como você descreve esse personagem e como ele difere dos papéis de humor que você costuma fazer?
“Fazer um personagem mais dramático é se ligar nos conflitos reais da sociedade, é mergulhar também no seu íntimo e ver como te acessa. Isso traz a verdade e a construção junto com seu parceiro de cena, uma proposta totalmente diferente dos meus personagens cômicos. Os cômicos também utilizam desses conflitos sociais, só que ali fazemos uma crítica sobre essa visão, e isso traz toda questão de humor, fazendo com que as pessoas riam e se identifiquem com a situação. São sensações diferentes que causam a provocação de diferentes formas.“
A privação de sono e as baixíssimas temperaturas do deserto de sal da Bolívia foram mencionadas pela equipe. Considerando que o filme é um suspense, acha que isso intensificou a sua atuação?
“Muuuuito! Chegando nos últimos dias de filmagens, eu já não aguentava mais ficar preso no deserto. Estava cansado, com saudade da minha rotina, de ver pessoas diferentes, de escolher o que comer, de viver em sociedade. Todas as questões bateram fortes durante nossa estadia na Bolívia, isso com certeza fez toda a diferença nas últimas cenas. O desgaste da altitude foi um combo no desgaste do personagem quando chega na reta final do filme. E o interessante foi que a cena de chegada dos personagens no deserto foi a primeira, ou seja, usamos dessa realidade na ordem do cronograma conforme o filme acontecia. Não gravamos muitas cenas sortidas, foi quase sequência.“
Com “Anora” levando o maior número de prêmios no Oscar este ano, o cinema de baixo orçamento ganhou ainda mais força. Vocês afirmam que, além das condições insalubres, o orçamento também era limitado. Qual sua expectativa para o retorno do filme com o público e a crítica?
“Acho que a oportunidade de novos e bons filmes mesmo com baixo orçamento chegar ao público é extremamente interessante. Tudo isso traz um olhar diferente, novas sugestões de contar uma história, novos atores com disposição de entregar um ótimo conteúdo, diretores e produtores ousados. Já para nosso filme, acredito que desperte a curiosidade do público, ainda mais os amantes de filmes cults, o público jovem, geek e pop, que gostam de consumir novas tendências vão gostar de ver uma produção brasileira de baixo orçamento trazendo qualidade em imagem, som, estética, fotografia e ousando nesse segmento. Um novo espaço para artistas e produtores no audiovisual, que é tão importante. Estamos confiantes!!!“
Além de atuar, você também tem um trabalho expressivo nas redes sociais, criando conteúdo humorístico. Como você equilibra essas duas vertentes da sua carreira, que são tão distintas?
“Hoje a internet é uma nova vitrine para mostrar sua cara, sua autenticidade e trocar com as pessoas. Demorei muito pra entrar nessa brincadeira de entreter na internet. Era um sonho antigo, porém agora estou colocando em prática e fazendo crescer aos poucos este meu lugar ao sol (rs). Não é nada fácil e simples trabalhar com a internet, pelo contrário, é um trabalho intenso. Mas, é uma missão, trabalhar com minhas redes sociais e as variáveis da minha carreira nos palcos e nas telas.“
Seu trabalho nas redes sociais tem grande alcance. Você já pensou em usar esse espaço para explorar outras facetas de sua atuação, como o drama ou a ação, além do humor?
Sinceramente, não. Os conteúdos de humor são uma forma de me aproximar das pessoas, trazendo leveza, risadas e assuntos atuais para se questionar. Quero fazer o que gosto de maneira divertida. Os conteúdos mais sérios como ação e drama vou deixar para meus trabalhos fora da internet, que também posso compartilhar por lá, trazendo um conteúdo extra.
Você tem uma presença forte em diferentes plataformas: cinema, teatro e redes sociais. Quais são as maiores diferenças em termos de desafio e recompensa entre esses três meios?
“Sim, minha carreira está neste momento podendo me levar para diferentes plataformas. Como disse na resposta acima, as redes sociais levam um pouco da minha verdade e do meu dia a dia, de forma totalmente espontânea e divertida, onde eu adoro e faço com leveza. Já o teatro e o cinema sem dúvida nenhuma é dividir meu lado sonhador como ator, trazendo diversas formas e maneiras de expressar a arte com o público. No cinema, fazendo produções incríveis e contando diferentes histórias, seja no drama ou na comédia. E no teatro, a presença do público é o que esquenta meu coração, me faz todos os dias exercitar as diferentes possibilidades de viver aquele mesmo personagem. Pra mim, tudo é lindo, todas as formas de me expressar.“
Com toda essa versatilidade, como você se vê no futuro? Pretende seguir equilibrando todos esses tipos de atuação ou há algum campo em particular que você gostaria de explorar mais?
“Me vejo da maneira mais linda, espero que esse futuro esteja guardando coisas lindas pra mim. Quero sim viver em todas as possibilidades de me comunicar, seja nas redes sociais ou no audiovisual. Quero mostrar o que sei e o que sinto através da arte, me reinventando a cada dia através da versatilidade que carrego dentro de mim. Já que fui abençoado com este lugar, quero mais aproveitar!!!!! Agora, se tiver novas tendências em me explorar no futuro, quero estar dentro de todas essas possibilidades.”
“Rage Pill – Tempos de Ódio” conta ainda com Felipe Osório, Alessa Canappele, Joice Almeida e Alphio Solar no elenco. O filme será lançado inicialmente em festivais e depois segue para o streaming. Enquanto isso, Ton pode ser visto nos palcos com a comédia “O Marido da Minha Mulher“, em cartaz até 1º de junho de 2025 no Teatro UOL, em São Paulo.
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