O nome pode até enganar e fazer você pensar que tem gringo novo na nossa música. Mas Bryan Behr é brasileiríssimo. Nascido em Santa Catarina, esse cara de 23 anos nasceu Bryan William de Souza sim, mas adotou o novo sobrenome graças a uma colega de colégio que tinha o cabelo colorido e também gostava de ler a mão da garotada. Curioso sobre seu futuro, o então guri aproveitou o intervalo de aula para uma “consulta”. Ao olhar suas linhas, ela vaticinou: “Você vai ser artista e se chamará Bryan Behr”. Para não restar dúvidas, ainda soletrou: “B-E-H-R”. “Por mais que parecesse brincadeira de criança, isso ficou na minha cabeça”, confessa. Anos depois, quando começou a divulgar suas músicas na internet, foi buscar na caixinha da memória a antiga profecia. E assim “nasceu” o cantor e compositor, que já começa o ano de 2020 em alto e bom som com o álbum “A Vida é Boa”, que chega pela Universal Music no dia 31 de janeiro.
Logo que assinou o contrato, Bryan trancou-se no estúdio com os produtores Juliano Cortuah, nome pra lá de respeitado no mundo da música, e Fernando Lobo. Não era para menos: o catarinense tinha nada menos que 150 composições para mostrar. “A gente idealizou o trabalho inteiro junto. Foram três dias ouvindo todo esse material, falando sobre o que cada canção trazia, descobrindo como essas onze faixas poderiam conversar entre si”, conta ele, que não esconde a expectativa de ver o disco ganhar o mundo. “Outro dia eu estava conversando com um amigo, que me disse que existem dois tipos de artista: o que cria por amor e o que cria para ser amado. Foi muito legal ouvir isso porque todas as músicas foram feitas por amor. Por amor a alguma coisa, a alguma pessoa ou a alguma história”, garante.
E os títulos das canções não o deixam mentir. De A Vida é Boa Com Você (da qual ele pinçou o título) a Minha Saudade Tem um Nome, o amor está espalhado em todas as suas manifestações pelas onze faixas. Em Tua Canção Preferida, destaque de seu EP de estreia na Universal Music, apropriadamente batizado de “2019” e que trazia ainda outras duas faixas, ele diz: “As estrelas mais antigas / Brilham muito mais bonito / Ao lado teu / No teu carro toca fitas / Toca a mesma faixa / Que você escolheu”. Já em Girassol, avisa: “Trago pra você um abraço / Um descanso pro cansaço / Um amparo pra alma”. E em O Quadro, sensualiza: “Meu beijo encontrou tua boca / A gente perde a calma enquanto perde a roupa / Num toque só, a noite se faz completa / O vidro embaça, o coração acelera”.
Criado em Brusque, sua cidade natal, Bryan acha que o fato de não ter crescido num grande centro o ajudou a ver a vida de uma maneira diferente, numa outra velocidade. “Acho que levei muito disso para as minhas letras. Ter esse olhar mais simples para o que acontece ao meu redor foi uma das coisas que eu herdei de Santa Catarina”, assegura o artista, que cita entre suas influências nomes como Lenine, Nando Reis e o uruguaio Jorge Drexler, que também trouxeram muito de suas vivências para criarem um som muito próprio.
Mas Bryan está sempre atento a outras manifestações artísticas. O filme Bohemian Rhapsody, que conta a história do mito Freddie Mercury (“o jeito que ele se comportava no palco e como ele criava me tocaram muito”), e o espetáculo Pro Dia Nascer Feliz, sobre o saudoso Cazuza, também são fontes de estímulo. E é bom deixar claro que ele não curte apenas nomes da velha guarda. A turma contemporânea está firme em seu radar. “Tem muita gente talentosa e superbacana no cenário atual. Eu tenho um apreço muito especial pelo trabalho das meninas do duo ANAVITÓRIA, pelo Tiago Iorc e pelos meninos do OUTROEU”, revela.
Um fator que surpreende é o de que, apesar de já contar com um respeitado número de admiradores/seguidores, Bryan começou há menos tempo que essa galera. “Lancei o meu primeiro vídeo, cantando a primeira música, tem apenas dois anos”, acentua. “Vejo com muito carinho as coisas que fiz até aqui. Desde o começo, sempre acreditei e investi nas minhas próprias composições e hoje me sinto muito orgulhoso de ver até onde essas músicas me trouxeram”.
Muitas dessas músicas são histórias que ouviu de pessoas próximas a ele. “Coisas reais, de pessoas reais… É isso que me inspira”, revela. Lógico que também há (muitos) relatos pessoais. Afinal, estamos falando de alguém que, mesmo com a pouca idade, já tem um número considerável de composições. E será que ainda vamos ouvir a história de uma certa vidente-mirim, que não só o batizou artisticamente como também previu o seu percurso musical? Para Bryan Behr, A Vida é Boa e a hora é agora. “Espero de verdade que esse álbum atinja o máximo de pessoas possível, para que de alguma maneira meu trabalho torne a vida dessas pessoas melhor”.
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