Frankie Grande parece ter compreendido perfeitamente a lógica da autopromoção moderna: o espetáculo vem antes da substância. Em “Hotel Rock Bottom”, seu disco de estreia, ele ocupa um espaço mais próximo da performance do que propriamente da música. Há intenção, identidade visual, discurso ativista e uma cartilha bem estudada de como criar um projeto pop. O problema é que, quando tudo isso depende da música para se sustentar, a estrutura desaba com estrondo.
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O álbum se anuncia como uma jornada de reconstrução pessoal, passando por temas como vício, sobriedade, amor e pertencimento queer. Existe um peso temático que merecia ser tratado com mais rigor artístico. O que se ouve, no entanto, é uma sucessão de ideias sonoras mal resolvidas, vocais frágeis e produção genérica, que não apenas deixam de dar conta da profundidade prometida, como frequentemente colapsam sob sua própria ambição.
Frankie tenta imprimir personalidade a cada instante, mas sua entrega vocal raramente acompanha a dimensão do que se propõe. Há um claro esforço em dramatizar, exagerar, provocar, mas quase nunca isso vem com técnica. Tudo soa como um musical feito às pressas em uma noite de karaokê com orçamento alto. Os arranjos, por vezes interessantes, acabam soterrados por escolhas interpretativas que mais sabotam do que elevam as composições.
O que poderia ser uma explosão de carisma queer e inventividade vira um projeto que confunde sinceridade com histrionismo. Em vez de contar uma história, Frankie parece querer convencer o ouvinte de que sua presença já basta. Mas no território da música pop, presença sem consistência raramente se sustenta por mais de um refrão.
“Hotel Rock Bottom” é um disco que tem a coragem de existir, mas falta a ele a coragem de editar, polir e refinar. Ele é tudo ao mesmo tempo agora, sem pausa, sem nuance, sem controle. No fim, o que resta é um projeto que se movimenta mais por ruído do que por melodia, mais pela promessa do nome do que por sua realização artística.
E se Frankie acredita que este é seu grande momento de afirmação sonora, talvez valha lembrar que música também é escuta, e aqui quase tudo soa como um pedido de atenção travestido de celebração. Há muito barulho e pouca verdade no que se ouve. Um hotel onde a festa nunca termina, mas onde ninguém quer realmente ficar.
Nota: 22/100
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