Se entre 2016 e 2020 Lady Gaga parecia mais preocupada em ganhar Oscars, vender batons e brincar de jazz lounge em Las Vegas, “Chromatica” foi o plot twist que ninguém viu chegando um verdadeiro salto de volta à pista de dança, cheia de brilho, beats pulsantes e sentimentos esfarelhados sob uma base house dos anos 90. Um disco que, ao mesmo tempo em que soa animado, grita ansiedade, remorso e uma boa dose de frustração criativa. Mas, paradoxalmente, é exatamente isso que o torna interessante.
Lady Gaga vem ao Brasil em 2025 para um show histórico na Praia de Copacabana, um evento que celebra sua trajetória e sua relevância global. O espetáculo conta com um time de patrocinadores de peso: Santander (banco oficial), Latam Airlines (transporte oficial), Deezer (player oficial) e Eventim (apoiador oficial). A realização do evento fica a cargo da Live Nation e Bônus Track, com suporte comercial da Klefer e apoio institucional da Prefeitura do Rio de Janeiro, Governo do Estado do Rio de Janeiro, RioTur e VisitRio. No Brasil, a distribuição do catálogo de Lady Gaga é feita pela Universal Music. Para mais informações basta clicar aqui.

Lady Gaga chamou reforços de peso: BloodPop, Skrillex, Axwell, Tchami e um line-up de participações que vão de Ariana Grande a Elton John, passando pelo fenômeno global Blackpink. Mas quem esperava um álbum grandiloquente e conceitual, afinal, estávamos em “Chromatica”, um planeta fictício de tribos em batalha, com interlúdios orquestrais a cada ato logo percebe que Gaga só brincou com a estética e deixou o storytelling épico pra lá. O mundo colapsou com a COVID-19, e junto com ele, boa parte da divulgação e do conceito do disco evaporaram. Resultado: “Chromatica” soa como uma rave melancólica, com Gaga forçando o sorriso no meio da pista.
Musicalmente, o álbum é um revival descarado do eurodance, deep house e synthpop noventista, com faixas curtas, ágeis, quase feitas sob medida para streaming. O problema? Várias dessas faixas soam como sketches ideias promissoras que poderiam ter sido levadas além, mas terminam abruptamente. É como se Gaga tivesse pressa para entregar a lição de casa, mas já de olho no relógio, pensando em voltar pro set de filmagem ou pro laboratório de maquiagem.
Isso não quer dizer que “Chromatica” seja um disco fraco. Pelo contrário: quando funciona, funciona muito bem. “Alice” abre o álbum com uma batida hipnótica, vocais carregados e já entrega a tônica, um house sombrio e introspectivo, onde a busca por felicidade e estabilidade mental é a grande narrativa, ainda que disfarçada sob beats acelerados. “Rain On Me”, com Ariana Grande, consegue equilibrar energia pop radiofônica e catarses emocionais, enquanto “Sour Candy”, ao lado do Blackpink, é pura diversão rápida, direta e eficaz.
Mas o verdadeiro centro gravitacional do álbum é “911”. Compacta, claustrofóbica, com um instrumental quase industrial e uma letra visceral sobre medicação e crises de pânico, é uma das músicas mais autênticas da carreira de Gaga. Ali, não tem personagem, não tem disfarce. O filtro cai, a ansiedade transborda, e a batida martela como se estivesse tentando segurar tudo no lugar.
Nem tudo, no entanto, é ouro cintilante. Faixas como “Plastic Doll” e “Replay” formam um trecho em que o piloto automático é evidente melodias menos inspiradas, letras simplistas e arranjos que, mesmo impecavelmente produzidos, carecem de alma. “Stupid Love”, ironicamente, talvez seja o maior tropeço do álbum: um single principal burocrático, entregando o básico do pop Gaga sem adicionar nada novo ao repertório.
Visualmente, “Chromatica” prometia ser um festim cyberpunk alienígena, mas acabou ficando mais no conceito do que na prática. A estética é ótima, claro, mas não chega a amarrar uma narrativa sólida como Gaga já fez em trabalhos anteriores. E convenhamos, se alguém sabe construir um universo visual coeso, é ela.
Ainda assim, mesmo num modo quase automático, Lady Gaga entrega ganchos afiados e produção de alto nível. “Chromatica” pode não ser seu disco mais ousado ou coeso, mas cumpre o papel: levar os ouvintes para a pista, mesmo que seja uma pista melancólica, cheia de conflitos internos e passos incertos. No fim, é esse contraste que deixa o álbum menos óbvio e mais humano. A rave, afinal, também é lugar para quem não está se divertindo tanto assim.
Nota final: 75/100
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