“Missão: Impossível – Protocolo Fantasma” marca um ponto de inflexão crucial na franquia estrelada por Tom Cruise. Lançado em 2011, o quarto filme da série é também o que inaugura a fase da saga, com foco redobrado em acrobacias práticas de altíssimo risco, espionagem global com múltiplos cenários exóticos e um senso de urgência que combina suspense, humor e espetáculo visual. Nas mãos do diretor Brad Bird, estreando na direção de live-action após sucessos na animação como “Os Incríveis” e “Ratatouille”, a série finalmente encontra seu ponto de equilíbrio entre autenticidade, grandiosidade e ritmo cinematográfico.
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O enredo parte de uma premissa de isolamento extremo: a IMF é desautorizada após um atentado ao Kremlin, e seus agentes se tornam fantasmas operando sem recursos, aliados ou respaldo institucional. Essa narrativa de “missão impossível dentro da missão impossível” serve como uma plataforma eficiente para intensificar a tensão, cortar amarras burocráticas e levar os personagens a situações de vulnerabilidade e improviso. A dinâmica entre os quatro protagonistas — Ethan Hunt (Tom Cruise), Benji (Simon Pegg), Jane (Paula Patton) e o novato William Brandt (Jeremy Renner) — constrói uma equipe menos hierárquica e mais colaborativa, com espaço real para conflito e coesão.
A sequência no Burj Khalifa, em Dubai, é o clímax técnico e simbólico do longa. Não apenas por sua execução meticulosa, com Tom Cruise realmente escalando o prédio mais alto do mundo, mas por representar a filosofia da nova fase da franquia: levar o realismo ao limite da fisicalidade, filmando em locações reais e apostando em efeitos práticos para maximizar a imersão. O uso inteligente da câmera, o jogo com alturas, reflexos e clima (tempestade de areia), tudo reforça o espetáculo como narrativa — nunca gratuito, sempre funcional à tensão da cena.
O roteiro, embora se apoie em uma estrutura convencional de corrida contra o tempo para evitar um colapso global, se mantém eficaz ao diluir a complexidade política em um ritmo ágil, com um vilão frio e impessoal (vivido por Michael Nyqvist) que representa mais uma ideia do que uma ameaça carismática. É justamente na construção das relações dentro da equipe que o filme ganha densidade: Brandt esconde segredos ligados ao passado de Ethan; Jane lida com a perda de um parceiro; e Benji, promovido a campo, funciona como alívio cômico e ponto de empatia.
A direção de Brad Bird imprime um ritmo exemplar ao filme. A edição e o encadeamento das set pieces são impecáveis, com especial atenção à clareza espacial durante as cenas de ação algo que falta a muitos blockbusters. Cada cena de ação, do Kremlin ao estacionamento automatizado em Mumbai, é desenhada como um quebra-cabeça visual que se encaixa organicamente à trama. A fotografia de Robert Elswit ajuda a compor essa identidade visual elegante e funcional, priorizando cores frias e composições amplas que destacam os atores no espaço.
Tom Cruise reafirma aqui sua identidade como astro físico, não apenas por dispensar dublês, mas por compreender que sua vulnerabilidade aparente aumenta o impacto emocional da cena. Sua entrega total é mais do que espetáculo: é coerência com o personagem, com a franquia e com a promessa de autenticidade ao público.
“Protocolo Fantasma” é, acima de tudo, o modelo de blockbuster inteligente e acessível, que sabe equilibrar tensão, carisma e precisão técnica. Inaugura uma trilogia dentro da franquia que se distancia das origens mais cerebrais ou estilizadas para abraçar um tipo de entretenimento visualmente ousado, mas consciente de sua herança de espionagem.
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