O álbum de estreia de Oklou, “Choke Enough”, é uma disco meticulosamente construído dentro do espectro da música eletrônica contemporânea, sustentando-se em uma intersecção entre ambient music, trance descontruído e a melancolia do art pop. Lançado em 7 de fevereiro de 2025 pela True Panther Sounds, o disco evidencia a evolução da produtora, cantora e compositora francesa, aprofundando os conceitos explorados em sua mixtape “Galore”. Com colaborações de Bladee e Underscores, a obra reflete um percurso de dois anos e meio de refinamento estético, no qual Oklou desdobra uma paisagem sonora que dialoga com estados de consciência fragmentados e um afastamento progressivo da identidade fixa.
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A sonoridade de “Choke Enough” repousa sobre camadas sintéticas de grande sofisticação, onde sintetizadores filtrados e pads atmosféricos interagem com instrumentação acústica difusa, como flautas, trombetas processadas e dedilhados cristalinos de guitarra. As faixas revelam uma construção meticulosa que subverte convenções rítmicas do pop eletrônico, velando sua pulsação sob texturas nebulosas e reverberações prolongadas. Há uma interdependência estrutural entre os elementos harmônicos e as nuances vocais de Oklou, cujos timbres delicados oscilam entre a contemplação e uma inquietação latente.
Os singles do álbum sintetizam sua proposta conceitual de forma exemplar. “Family and Friends” estabelece um ponto de partida introspectivo, moldado por harmonias etéreas e um lirismo que evoca laços afetivos dissipados pelo tempo. “Harvest Sky” se expande em um espectro tonal mais luminoso, sugerindo uma esperança efêmera entre camadas de sintetizadores que lembram o dream pop. A faixa-título, “Choke Enough”, é o ápice do álbum, onde a tensão entre o minimalismo rítmico e a densidade sonora atinge seu ponto mais expressivo. “Take Me by the Hand” emprega uma abordagem espacial, fragmentando a linearidade da composição e submergindo-a em ecos e delays sutis, enquanto “Blade Bird” se distingue por uma austeridade melódica que reforça sua carga emotiva, consolidando-se como um dos momentos mais impactantes do disco.
A produção de “Choke Enough” se destaca por sua habilidade em manipular o espaço sonoro, criando atmosferas que oscilam entre o etéreo e o claustrofóbico. A influência da música trance é perceptível, mas transfigurada em um espectro mais atmosférico, dissolvendo a rigidez dos padrões de dança tradicionais e reformulando-os em pulsos orgânicos e difusos. A presença de remixes para “Harvest Sky”, assinados por Danny L Harle e Milkfish (pseudônimo de Underscores), expande a paleta estética do álbum, inserindo novas camadas interpretativas às composições originais.
Comparado a “Galore”, “Choke Enough” evidencia um salto qualitativo em termos de engenharia de som, narrativa melódica e coesão temática. A abordagem mais abstrata da produção não compromete a acessibilidade do álbum, mas a subverte de maneira sofisticada, tornando-o uma experiência auditiva que exige imersão e repetidas escutas para ser plenamente absorvida. Oklou reafirma seu lugar como uma das figuras mais intrigantes da música eletrônica atual, pavimentando um caminho que desafia as convenções do gênero e estabelece um novo paradigma dentro do pop experimental.
Nota final: 85/100
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