Mais de uma década após o último longa, “Premonição 6: Laços de Sangue” ressurge como um dos capítulos mais consistentes, instigantes e respeitosos com a mitologia da franquia de terror que redefiniu o conceito de “morte inevitável” no cinema comercial dos anos 2000. Dirigido por Zach Lipovsky e Adam B. Stein, o novo filme é simultaneamente uma homenagem ao original de 2000 e uma expansão inteligente da fórmula que consagrou a série.
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A trama parte de uma premissa simples, mas carregada de potencial dramático: Stefanie (Kaitlyn Santa Juana), uma universitária atormentada por pesadelos recorrentes com a morte de toda sua família, decide retornar à cidade natal em busca de respostas. O elo com o passado surge através de sua avó Iris, vivida em duas linhas temporais por Brec Bassinger (na juventude) e Gabrielle Rose (no presente). A partir desse reencontro, o roteiro amarra o novo ciclo mortal com uma tragédia interrompida nos anos 1960, o que não só introduz um elemento intergeracional inédito à franquia, como também oferece uma nova perspectiva sobre o conceito de “laços de sangue” e destino hereditário.
Esse sexto filme funciona por ser, antes de tudo, uma reinvenção estrutural que não rompe com o que os fãs mais amam na saga: o jogo de causa e consequência que transforma objetos cotidianos em armadilhas elaboradas, os momentos de tensão crescente, e o acidente inicial, sempre tratado como o grande espetáculo narrativo. Neste caso, o desastre que abre a trama, embora impactante e tecnicamente competente, não supera os momentos icônicos dos três primeiros filmes, mas ainda assim estabelece com clareza a escala e a criatividade visual da produção.
A direção de Lipovsky e Stein demonstra domínio da linguagem de suspense. O filme sabe construir expectativa e, o mais importante, sabe quebrá-la. O que parecia previsível, muitas vezes se resolve de modo inesperado, o que injeta fôlego num subgênero que sofre justamente pelo excesso de fórmulas replicadas. “Laços de Sangue” também investe num tom mais leve em alguns momentos, sem sacrificar a tensão. Esse equilíbrio torna a experiência mais envolvente e atual.
O elenco é um dos mais sólidos da série. Brec Bassinger entrega uma performance emocionalmente calibrada como a jovem Iris, e Richard Harmon e Teo Briones funcionam bem como contrapontos dramáticos. No entanto, é Kaitlyn Santa Juana quem carrega o peso do filme nas costas, e o faz com entrega notável. Sua atuação transmite desespero, dor e urgência, ancorando a trama com humanidade. Mesmo os coadjuvantes, ainda que tenham pouco tempo de tela, ganham espaço para expressar suas personalidades, o que torna suas mortes mais impactantes e, em alguns casos, dolorosamente memoráveis.
A cinematografia é funcional, embora sofra com o uso excessivo de tela verde em algumas cenas. A trilha sonora resgata o tema original com precisão nostálgica, oferecendo aos fãs um senso de continuidade emocional. Pequenas referências visuais e sonoras aos filmes anteriores funcionam como um presente ao público fiel, reforçando o cuidado com o legado da franquia.
Apesar de abrir portas para uma possível mitologia mais profunda, com teorias sobre ancestralidade e consequências geracionais, o roteiro opta por manter as explicações no nível do simbólico. Isso pode frustrar quem esperava um mergulho mais claro nas “regras” do universo de “Premonição”, mas garante que o foco permaneça onde a série sempre brilhou: na tensão da sobrevivência e no medo irracional de que o próximo detalhe possa ser fatal.
“Premonição 6: Laços de Sangue” é, em última instância, um exemplo bem-sucedido de como reviver uma franquia sem torná-la refém do passado. Ele inova dentro dos limites, respeita o que foi construído e oferece um encerramento possível, ainda que não definitivo, para uma das sagas mais inventivas do terror recente. Caso este seja de fato o último capítulo, trata-se de uma despedida digna. Caso venha um sétimo filme, há aqui uma base sólida para levar o conceito ainda mais longe.
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