Veigh se posiciona com clareza no título de “Eu Venci o Mundo”, mas o disco entrega menos do que a afirmação sugere. Há um esforço nítido de se afastar de uma estética de rua crua para algo mais introspectivo e espiritualizado, mas o que chega aos ouvidos é um projeto que confunde mudança com repetição bem disfarçada. A retórica do triunfo pessoal é constante, mas gasta. O que parecia ser um passo à frente acaba sendo mais uma volta em círculos dentro de uma fórmula que ele já vinha esgotando.
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A produção, no entanto, surpreende. Existe um cuidado estético evidente, com beats limpos, alinhados e bem finalizados, mas que não sustentam por si só o vazio temático que domina o álbum. Quando a narrativa gira continuamente em torno de dinheiro, mulheres, superação e ostentação espiritual, o resultado é previsível e quase protocolar. O disco não se sustenta na ausência de participações justamente porque não há contraste, não há respiro, não há expansão. Tudo gira em torno da mesma persona, da mesma métrica emocional, do mesmo argumento.
O que se ouve é um artista tentando se reinventar sem, de fato, se confrontar. O autotune é mais escudo do que ferramenta, disfarçando fragilidades vocais que o Veigh, por algum motivo, ainda insiste em não trabalhar. Há energia, há boas intenções, há até lampejos de versatilidade, mas nada parece durar muito. O disco passa rápido, não porque seja fluido, mas porque quase tudo soa como variações do mesmo trecho.
O problema, então, está menos na execução e mais na concepção. A ideia de um projeto maduro, sem feats e com discurso mais íntimo, pede uma entrega lírica muito mais densa do que a que Veigh oferece. O artista parece confortável demais na própria estética, evitando fricções que poderiam de fato elevar o que tem a dizer. O que resta é uma performance que se diz maior do que o conteúdo que entrega.
“Eu Venci o Mundo” é um disco que tenta performar profundidade com frases feitas e rimas genéricas. É um produto que vai viralizar, tocar em playlist, gerar corte de podcast, mas que dificilmente será lembrado como obra sólida dentro da cena. Se Veigh busca transcendência, ela ainda não chegou. O álbum é um espelho bonito, mas que reflete sempre a mesma imagem.
Nota: 20/100
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