Aos 29 anos, o paulistano Caramico sempre viu na arte sua melhor forma de expressão. Radialista e ator por formação, ele já explorava seus dons nos palcos e junto ao público, mas, embora recebesse prestígio e admiração, era como se ainda lhe faltasse algo, até que a música, que já lhe acompanhava desde a infância, passou a ser uma válvula de escape entre 2020, com a chegada da pandemia de covid-19 e a necessidade de isolamento.
“É difícil falar de quando, exatamente foi o meu despertar musical. Estou cercado por diversas memórias desde a minha infância. Muita gente em minha família tinha contato com a música… Meu pai é músico, assim como minha vó também era”, explica o artista. “Meu primeiro presente marcante foi uma mini bateria, aos três anos. Desde então, nunca mais larguei os instrumentos musicais”, afirma.
Por mais que sua carreira pareça ter evoluído gradativamente, muitas foram as dificuldades que levaram Caramico de volta à composição. Não somente a pandemia, em si, mas todas os impasses que cercaram a classe artística, fizeram com que ele criasse um ambiente próprio para evoluir profissionalmente. E é nesse momento que canções como “Viver É Meu Presente”, “Fique Zen” e “Não Importa o Lugar” ganharam vida. “Não tinha a pretensão de mostrar minhas músicas para o mundo. Até então, elas eram uma coisa só minha e as via de forma quase terapêutica”, confessa o artista, que contou com a ajuda do produtor Carlos Bechet para produzir seu primeiro álbum autoral, o EP “Só Lidando”, lançado em 2022. “Compuz no auge da minha solitude física e mental”, recorda.
O nome Caramico, aliás, veio para brindar esse novo momento profissional e a transição da dramaturgia para a música. “É uma história curiosa (risos). Caramico é meu nome do meio. Me chamo Rodrigo Caramico Lopes. Durante muito tempo eu usei Rodrigo Lopes para me identificar como artista, mas sempre gostei da idade de usar um nome só, de ter algo único que te representasse. Até que eu percebi que Caramico podia ser esse nome. E ficou assim. É como se fosse a transição de ator para cantor e compositor”, detalha.
Embalado por influências contemporâneas e do jazz, Caramico parece ter ganhado fortes admiradores, que já o classificam como a nova voz da MPB. “Para mim é uma honra ter esse título! Inacreditável, na verdade. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer e por mais que pareça clichê falar, é a verdade. MPB é um gênero que eu costumava ouvir desde pequenininho… Espero um dia poder inspirar outros artistas, assim como me senti inspirado”, diz ele. Apesar de honrado, Caramico prefere não se enquadrar a um estilo só. “Cada artista é único. Podem existir artistas que se colocam dessa forma, sendo pertencentes a um único estilo. Eu não me considero um desses”, afirma.
E por falar em estilo, o visual do cantor e compositor é um assunto à parte. Do chapéu aos looks despojados e coloridos e as unhas pintadas, tudo compõe sua expressividade artística. “Não só pela minha imagem como músico, mas também pela expressividade pessoal. Desde pequeno, tenho uma ligação muito forte com as artes visuais e, embora eu não seja um artista plástico, por exemplo, a minha forma de me expressar é através das cores. Além de achar bonito, isso também faz parte da maneira que eu costumo ver a vida. Claro, quando eu vou subir ao palco para me apresentar, penso em vários outros detalhes, mas, no geral, esses detalhes também faz parte da minha rotina, de quem eu sou”, conta.
Celebrando seu primeiro ano de carreira, Caramico garante que foi um período de aprendizados e que, agora, seu desejo é continuar evoluindo e levando sua música para cada vez mais pessoas. “A sensação de estar junto ao público é o que me move. Preciso estar no palco, com o público. Até porque, é um termômetro do meu trabalho, é ali onde sei o que está tocando ou não as pessoas. Fora, claro, o calor e a energia, que é indescritível e o momento de maior prazer do meu trabalho”, reflete. “Meu maior aprendizado é em relação ao tempo. Foi um trabalho de formiga e eu, como uma pessoa ansiosa, aprendi a controlar a emoção e ansiedade. Passei a entender como as coisas funcionam”, entrega ele que, atualmente, se dedica a produção acústica de diversas faixas autorais. Algumas delas, inclusive, já estão disponíveis em seu canal no YouTube.
Quando questionado sobre onde almeja chegar profissionalmente, Caramico é certeiro. “Quero chegar em um lugar no qual possa viver somente da minha música por muitos e muitos anos. Uma carreira longa, nem pelo sucesso ou ascensão, mas que meu trabalho continue fazendo sentido para as pessoas”, afirma.