“É Assim Que Acaba” é uma confusão de boas intenções. A adaptação do romance de Colleen Hoover, dirigida e estrelada por Justin Baldoni, tenta equilibrar sentimentos altruístas com aspectos chocantes, muitas vezes prejudicados pela má escrita. O filme se apresenta como uma ferramenta de ensino sobre os sinais de abuso, mas acaba tropeçando em sua própria execução.
Na história, conhecemos Lily Bloom (Blake Lively), uma mulher que, após uma infância marcada por traumas, decide recomeçar a vida em Boston, onde sonha abrir seu próprio negócio. É lá que ela encontra Ryle (Justin Baldoni), um charmoso neurocirurgião que parece ser o amor verdadeiro que sempre buscou. No entanto, à medida que o relacionamento avança, as sombras do passado de Lily começam a reaparecer, especialmente quando Atlas Corrigan (Brandon Sklenar), seu primeiro amor, retorna inesperadamente. Agora, com seu casamento ameaçado, Lily precisa confrontar seus sentimentos e decidir seu futuro. O filme estreia nos cinemas brasileiros no dia 8 de agosto, para informações sobre ingressos basta clicar aqui.
Assistindo ao filme, a sensação é de estar diante de uma colagem de dramas e romances que dominaram o cinema entre 2010 e 2020. “É Assim Que Acaba” é longo, com diálogos que poderiam ser enxugados e situações que desafiam a realidade. Embora não seja a pior produção do ano, ele se revela uma decepção, especialmente considerando o marketing pesado baseado no sucesso do livro de Hoover. O filme parece datado e pouco oferece à nova geração de espectadores, mesmo contando com um elenco que se esforça para fazer a história funcionar.
Com suas intermináveis duas horas de duração, “É Assim Que Acaba” poderia facilmente ser resolvido em metade do tempo. Mesmo nas cenas mais simples, o filme falha em seguir um arco narrativo consistente, carecendo de brilho e alma.
Blake Lively, no papel de Lily Bloom, traz uma combinação de vulnerabilidade e força à sua personagem, apesar do material fraco. No entanto, é Jenny Slate quem realmente brilha, trazendo leveza, graça e coração ao filme, seja nos momentos cômicos ou nas cenas mais intensas.
Embora “É Assim Que Acaba” se esforce para mostrar que Lily não é uma vítima passiva, mas sim alguém que busca exonerar seu antagonista masculino com a ideia de que “pessoas machucadas machucam pessoas”, essa complexidade parece deslocada e mal encaixada em um triângulo amoroso estereotipado. A intenção de retratar Lily como alguém que resgata homens problemáticos acaba ofuscando a necessidade de focar na libertação da protagonista das estruturas de poder abusivas.
As metáforas e alusões em “É Assim Que Acaba” são muitas vezes forçadas e desesperadas por reconhecimento. A filosofia de Lily de devolver integridade, beleza e vida às flores espelha seu próprio arco de transformação, mas isso acaba sendo uma tentativa superficial de adicionar profundidade ao enredo.
Embora haja momentos impactantes, como os picos de raiva de Ryle contra Lily, outros momentos não conseguem causar o mesmo efeito devido ao diálogo clichê e mal trabalhado. No geral, “É Assim Que Acaba” tenta, mas falha em entregar uma história coesa e emocionalmente ressonante.
É Assim Que Acaba: ✩
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