A banda argentina Inmigrantes, formada pelos irmãos Pablo Silberberg e Carlos Silberberg, lançou mês passado o videoclipe de seu mais recente single: “La Melodia de Nelson”. A música foi composta por Pablo e Carlos, produzida por Ettoré Grenci e é distribuída pela Ingrooves Brazil. O clipe, filmado em Buenos Aires, foi dirigido por Ramiro Díaz e conta com a participação de dois bailarines também da Argentina: Muriel Bruschi e Ernestina Gatti e da Colômbia: Tian Aviardi.
Este ano marca a volta da banda aos holofotes. Formada em 2004, a banda Inmigrantes lançou seu primeiro álbum em 2007, “Turistas en el Paraiso”, que incluía os singles “Golpe de Suerte” e “Grafitti”, que viria a ser um dos maiores hits do duo e responsável por fazer com que eles ficassem conhecidos não apenas na Argentina, mas também no Brasil, México, Chile, Uruguai, Colômbia, Venezuela e Espanha. “Turistas en el Paraíso” rendeu à banda duas indicações ao MTV Latin American Awards, nas categorias “Melhor Artista Novo” e “Promessa da Música” – em que eles venceram.
Em entrevista ao Caderno Pop, o duo contou sobre o próximo single, álbum e relação com o Brasil. Confira:
Só nesse ano já foram quatro singles, mas 2020 ainda não acabou. Tem mais material por vir ainda? Novo single, um EP?
Sim! Com toda a situação da pandemia, os planos foram mudando no decorrer desse ano. Mas agora em outubro vamos lançar um single! Se chama “Halloween” e também faz parte do nosso próximo disco “América”, que vai ser lançado em janeiro do ano que vem.
A relação da banda com o Brasil é bem estreita, vide o nome de um dos singles de vocês, “Céu da Luisa”. Vocês já fizeram vários shows por aqui, contem um pouco dessa relação Sul da Argentina e Sul do Brasil.
Nosso romance com o Brasil vem desde a época do nosso primeiro disco, que foi lançado em 2007! “Graffiti” tocava num programa de televisão da Globo. Depois em 2014, num show nosso aqui em Buenos Aires, um brasileiro nos contou que escutam muito a gente no sul do Brasil. Foi muito louco quando a gente ficou sabendo disso, começamos a contatar com músicos e produtores de Porto Alegre pra poder ir fazer uma turnê. A primeira foi nesse mesmo ano, inesquecível. Depois disso voltamos todos os anos, e seguiremos voltando sempre que possível! Nos encanta tocar e estar aí. Nós argentinos temos muitas coisas em comum com o sul do Brasil… Mate, rock, churrasco… somos todos gaúchos. Já viajamos muito aí pelo sul, principalmente Porto Alegre e interior do Rio Grande do Sul. O mais longe que chegamos no mapa foi Curitiba… nosso objetivo é continuar subindo.
Ainda sobre o Brasil, a gente sempre gosta de saber o que os estrangeiros gostam de ouvir da música brasileira. Vocês costumam ouvir o quê? Que tipo de som a Luisa influenciou vocês a ouvirem?
Sempre tivemos um amor pela música braisleira, quando éramos pequenos escutávamos os discos de bossa-nova e tropicalismo dos nossos pais. Depois com as viagens que fomos fazendo ao Brasil fomos conhecendo cada vez mais essa diversidade infinita que é a música brasileira. Conviver com a Luísa com certeza nos ajuda a conhecer mais o trabalho de artistas brasileiros, ela é muito fã da época da Tropicália e também nos apresentou muitos artistas contemporâneos, de agora… Céu, Amarante, Duda Beat, Liniker, BaianaSystem… o Brasil é um país tão grande, e culturalmente tão rico… a gente escuta de tudo! Desde de rock gaúcho, como Júpiter Maçã por exemplo, até MPB Bahiano… como Novos Baianos. Esses dias fizemos uma playlist com os artistas brasileiros que mais escutamos, se chama “INMI // Vibes Brazuca”, está no nosso Spotify.
O último álbum completo de vocês é de 2007 e de lá pra cá lançaram somente EPs e singles – estes últimos gravados nos EUA. O mercado musical na Argentina é muito diferente de outros países? Esse hiato do duo entre os lançamentos serviu para alguma mudança de sonoridade, proposta, carreira ou até mesmo das questões pessoais?
Depois de “Turista en el Paraíso” decidimos sair da Sony Music, deixar de trabalhar com uma gravadora multinacional e começar a trilhar um novo caminho, um caminho independente. Nesse caminho começamos lançando “Surplus” e alguns anos depois “Máquinas de Amor”… algumas pessoas veem como EPs mas acho que a gente considera eles álbuns. O mercado musical aqui na Argentina está bastante de acordo com o resto do mundo, a única diferença é que o nosso país é pequeno, comparado com o Brasil, por exemplo. Quando saímos da Sony, em 2009 mais ou menos, decididos a trabalhar diferente e de maneira mais independente, como eu já disse antes, foi difícil… todos os começos são difíceis… Demoramos um pouco até organizar nossa carreira de novo. Foi um longo caminho até chegar aqui. Ano passado nos reencontramos com Ettoré Grenci, produtor do nosso primeiro disco e grande amigo, e desde aí começamos a trabalhar juntos em “América”, nosso próximo disco que vamos lançar com a gravadora dele “One Little Blue Records”. Estar trabalhado de novo com o Ettoré é como um reencontro artístico pessoal muito prazeroso. Sempre trabalhamos muito bem com ele, a gente se dá muito bem dentro do estúdio e fora dele também. Como ele mora em Los Ángeles e a gravadora dele também e de lá, estamos voltando a ter uma projeção internacional. Mas dessa vez diferente, de maneira independente, podendo escolher cada detalhe artístico e pessoal. Com o Ettoré é como trabalhar em família.
Veja o clipe de “La Melodia de Nelson”: