Iza Sabino está em uma jornada de autodescoberta e quer compartilhar essa trajetória através de sua música. A rapper mineira, conhecida por abordar em suas letras as vivências de uma mulher preta e lésbica, está prestes a lançar seu novo álbum de estúdio, intitulado “Grande“. Com 12 faixas, o projeto explora temas como auto-amor, responsabilidade afetiva e cura, além de contar com colaborações poderosas de artistas como Djonga, Luedji Luna e MC Luanna.
Para Iza, a criação deste álbum foi profundamente pessoal e introspectiva. “Meu processo criativo foi bastante intimista“, explica, ressaltando a importância de se conectar consigo mesma durante a produção. “Eu gosto de falar muito da minha vivência, do que acontece comigo e da minha realidade. Esse álbum foi uma terapia para mim e também uma auto-cura, porque, depois de escutar o disco, consegui entender muita coisa que eu não compreendia direito, até mesmo em relação a perdoar.”
Essa conexão interior reflete-se diretamente nas faixas e nas colaborações escolhidas. Segundo Iza, cada artista convidado para o álbum teve um papel essencial. “O Djonga está em ‘O Final é o Mesmo’ porque ele já aborda o tema que eu trouxe na música, né? Um pé no chão, a vivência, a malícia de olhar para as pessoas e saber para qual caminho seguir, em quem confiar.” Para ela, os convidados são mais do que parceiros musicais; são amigos que compartilham do mesmo propósito artístico.
Entre as faixas de maior destaque está “As Pretas Primeiro”, um verdadeiro hino de empoderamento feminino. Nesta música, Iza une forças com MC Luanna para trazer visibilidade às mulheres no rap e na sociedade, de forma irreverente e provocativa. “Escrevi de maneira muito sarcástica. Brinquei com as palavras e quis transmitir um certo tipo de deboche, mostrando que não precisamos esperar por certas pessoas para fazer algo, especialmente os homens, ou esperar por alguma aprovação.”
Apesar de “Grande” abordar temas como empoderamento e resistência, o álbum também revela momentos de vulnerabilidade. Em faixas como “Interlúdio” e “Me Leva”, Iza abre o coração e compartilha suas lutas internas. “Acho que o interlúdio representa uma fase depressiva da minha vida, em que eu realmente não falava muito com as pessoas e me isolava”, confessa. Ela recorda um período difícil em que sentia que “o erro era meu, que eu não devia existir”. A faixa é uma forma de mostrar ao público essa fase sombria e introspectiva de sua vida.
Outro exemplo de sua vulnerabilidade é a faixa “Me Leva”, onde Iza explora o romantismo ao narrar o encontro entre duas mulheres. “Essa canção fala sobre um encontro em uma noite boêmia, que me desperta muitas sensações”, comenta, revelando mais uma camada de sua complexidade emocional e artística. Essas faixas mais pessoais deixam clara a habilidade da rapper em transformar suas experiências em música.
No fim das contas, “Grande” é um registro de evolução, tanto pessoal quanto profissional. “‘Grande’ é como eu me sinto internamente, como eu me vejo quando olho no espelho“, conclui Iza, reafirmando que o álbum é, acima de tudo, sobre abraçar sua própria grandiosidade e compartilhar essa jornada com o mundo.
Comments 1