Certo dia, uma amiga da cantora e compositora paranaense Mia Wicthoff chegou a ela com um dilema. Embora estivesse engatando um relacionamento promissor, a menina tinha dúvidas da seriedade do rapaz. Mia sugeriu então que ela esperasse por uma ligação do ‘eleito’, ao mesmo tempo em que tentou entender o porquê dessas coisas não serem mais simples. Foi daí que teve a ideia de criar “Simplifica,” single que funciona como uma preview de seu próximo disco, previsto para chegar às plataformas de streaming no final de 2024.
Escrita pela própria Mia, a canção segue uma linha de versos confessionais, a exemplo do que tem sido feito no pop atual – o caso mais notório é o da superstar americana Taylor Swift, que faz relatos de casos bem e mal sucedidos em sua vida. O baixo sinuoso, que pontua os 2min48s da composição, a torna ideal para se ouvir nas pistas (ainda que, dependendo da situação, seja uma daquelas faixas que a gente dança chorando).
Mia sempre esteve no radar musical, fazendo uma coisa de qualidade aqui e acolá. Ela foi uma das vozes do CW7, grupo especializado em pop rock – aliás, uma das canções, “Tudo que Eu Sinto,” tem uma ótima verve de Taylor Swift. Surgido em 2006, o quarteto chegou a concorrer nas categorias de revelação do Vídeo Music Brasil, da MTV, do Meus Prêmios Nick e do Prêmio Multishow.
Mia tem como referências principais o pop de Taylor Swift e de Shania Twain, além do feminismo bem colocado – além da qualidade das composições, claro – de Rita Lee e Pitty. Ah, e o casal que inspirou “Simplifica?” Sim, as intenções dele eram as melhores possíveis e estão juntos até hoje.
Mia iniciou sua carreira com a banda CW7 e agora está seguindo uma trajetória solo. Refletindo sobre essa transição, ela comenta que “o processo na carreira solo e em banda acaba sendo muito próximo. No CW7 eu já escrevia minhas músicas sozinha e já tinha uma visão bem clara da parte ‘burocrática’ do trabalho, da responsabilidade de estar à frente. A diferença agora solo é que, sem dúvida, me sinto livre para executar ideias, criar lançamentos e clipes sem nenhum freio. Não como se eu não pudesse fazer isso antes, mas como uma banda, todos precisavam sempre estar de acordo com tudo, então acabava que alguma coisa ficava de fora.“
Seu novo single, “Simplifica,” tem uma história pessoal interessante por trás. “Eu gosto de escrever histórias que tenham alguma mensagem junto. Eu amo músicas que têm o propósito somente de entreter, mas acredito que não podemos desperdiçar qualquer possibilidade de deixar algum recado, algum conselho, alguma forma de realmente fazer a diferença para quem está ouvindo, mesmo entretendo, como é ‘Simplifica,’ que não deixa de ser um pop leve, mas avisa: se você quiser algo comigo, simplifica, pega o celular e me liga. Foi esse o papo com a minha amiga, que estava se envolvendo com um cara legal, mas era muito texto e pouca ação, aí surgiu a música. Spoiler: ele simplificou, ligou para ela e hoje eles são namorados!“
Mia menciona que “Simplifica” tem influências do estilo confessional do pop atual, semelhante a Taylor Swift. “Eu sou apaixonada pelo pop, pela linguagem, pelas cores, pela produção musical e cuidado com os detalhes! Na minha visão, a Taylor Swift é uma artista que acerta 100% em todos os tópicos quando se refere a ser uma artista pop de referência e longevidade. Ela não para de lançar música e, apesar de ter sido envolvida em polêmicas mundiais, sempre admirei a classe de uma gestão de crise, por exemplo. Gosto de enaltecer também o trabalho da Dua Lipa e Miley Cyrus, que também acho impecável. Aqui no Brasil, o artista que eu mais me identifico artisticamente é o Jão. Excelente show, músicas fáceis e extremamente cuidadoso com o que importa.“
A trajetória de Mia na música é marcada por diversas fases e evoluções. Olhando para trás, ela reflete que “o momento mais desafiador, sem dúvidas, está sendo agora. Estou me dedicando como nunca me dediquei! Sou apaixonada por criar músicas, criar roteiros… agora chegou a hora de colocar tudo para a vida real, executar, gerenciar todos os passos, mas confesso que essa responsabilidade toda me deixa muito menos ansiosa do que a forma que eu trabalhava antes, com uma equipe enorme pensando por mim. Agora eu sei exatamente o que está acontecendo em todas as etapas do meu trabalho e isso é impagável!“
Com uma forte conexão com o feminismo em suas músicas, Mia compartilha sua visão sobre o papel das mulheres na indústria musical atual. “Eu gostaria de ver a mudança especialmente nas próprias mulheres. Escrevo músicas de acordo com minhas experiências e de pessoas próximas a mim. Eu já fui uma mulher frágil, extremamente insegura, com muito medo e com uma sensação de não merecimento enorme. Quando a gente enxerga nosso valor para nós mesmos, tudo muda. O feminismo não vem do externo, nunca virá. Pessoas preconceituosas de todas as vertentes vão sempre existir, infelizmente, mas quando sabemos do nosso próprio valor, ninguém consegue o poder de mudar isso em nós. As mulheres precisam só lembrar de quem realmente são e terem consciência do poder que têm!“