Crítica: “Identidades em Jogo” (It’s What’s Inside)

Identidades em Jogo” (ou “It’s What’s Inside”, para os mais anglofílicos) é aquele tipo de filme que faz você pensar duas vezes antes de aceitar qualquer convite para festas em mansões isoladas. Quem imaginaria que uma simples despedida de solteiro se tornaria um pesadelo psicológico cheio de troca de corpos, segredos revelados e uma maleta digna de um episódio perdido de “Black Mirror”? Pois é, estamos falando disso! O filme está disponível no catálogo da Netflix e está em alta no momento.

Crítica: “Identidades em Jogo” (It’s What’s Inside) | Foto: Reprodução

A premissa é o seguinte: Reuben (Devon Terrell) está prestes a casar e resolve reunir seus amigos de faculdade para celebrar, como manda o figurino. Tudo ia bem até que Forbes (David Thompson), aquele amigo que sumiu no mapa por uns bons oito anos, aparece do nada com uma maleta pra lá de suspeita. E o que tem na maleta? Um dispositivo para trocar de corpos, porque nada diz “festa” como um jogo bizarro de “Quem sou eu?“. E, claro, como bons personagens de filme de terror psicológico, eles entram na brincadeira. O resultado? Surpresas, tretas, e segredos de fazer qualquer terapeuta ganhar um bônus de fim de ano.

O diretor Greg Jardin, em seu filme de estreia, não economizou no caos. Ele nos presenteia com um humor ácido, aquele tipo de comédia que parece natural, fruto das interações um tanto disfuncionais dos personagens. Aliás, se você, assim como eu, é fã do estilo de “Bodies Bodies Bodies“, vai se sentir em casa. Porque nada diz “safra da Geração Z” como um grupo de amigos sarcásticos tentando manter a compostura enquanto tudo desmorona ao seu redor.

E falando em desmoronar, a confusão de identidades aqui é real. Uma pessoa no corpo da outra, tentando esconder segredos enquanto as emoções se desintegram. A sacada? Jardin usa e abusa de ângulos de câmera dividida, que, se por um lado deixam a gente meio atordoado, por outro, aumentam a tensão de um jeito fascinante. É aquela sensação de estar assistindo a um quebra-cabeça onde as peças vão se movendo sozinhas enquanto você tenta entender a imagem final. Caos na tela, caos na trama.

Se é único? Talvez. O conceito de troca de corpos não é lá uma novidade no cinema, mas aqui o toque é fresquinho. O uso da cor, por exemplo, é quase outro personagem no filme. A paleta é vibrante, meticulosamente escolhida, e o vermelho (usado para indicar quem está em qual corpo) é uma jogada de mestre. A mansão onde tudo acontece também é um show à parte, com aquele visual luxuoso e, ao mesmo tempo, meio sinistro. É o tipo de cenário que te faz pensar: “Ok, isso está bonito demais para acabar bem“.

Agora, se eu fosse reclamar de algo , porque toda resenha precisa de um toque de crítica, né? seria a forma como o filme lida com a confusão de identidades. No início, é fácil se perder um pouco. Mas, honestamente, acho que essa confusão faz parte do charme. No final das contas, é como entrar em uma montanha-russa: no começo, você está meio perdido, mas quando a adrenalina bate, você só quer ver até onde a viagem vai.

Resumindo: “Identidades em Jogo” é aquele tipo de filme que pega você desprevenido. Tem reviravoltas, tensão, humor e uma estética visual que prende o olhar. O tempo de execução é curto, mas suficiente para te deixar pensando depois dos créditos. Então, se você curte um thriller psicológico com um toque de comédia sarcástica e muito drama de identidade, tá aí sua próxima maratona.

Só fica o aviso: depois de assistir, cuidado com maletas misteriosas na vida real… nunca se sabe.

Avaliação: 3 de 5.
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