Adaptações de George R.R. Martin deveriam carregar um certo peso, certo? Um universo denso, personagens memoráveis e aquela sensação de que qualquer decisão pode ser fatal. Mas “Nas Terras Perdidas” pega esse conceito e joga no chão como se fosse um pergaminho velho sem valor. O filme está em cartaz nos cinemas dos Estados Unidos e chega ao Brasil em 17 de abril de 2025, com distribuição da Diamond Films.
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Dirigido por Paul W.S. Anderson, o mestre das adaptações duvidosas, o longa tinha potencial. Afinal, estamos falando de um conto de Martin e de um elenco com Dave Bautista e Milla Jovovich. Mas, como esperado de alguém que transformou “Resident Evil” em uma franquia confusa e cheia de exageros visuais, o resultado aqui é um espetáculo de desperdício de talento e recursos.
Bautista, ao menos, faz o que pode. Seu personagem, Boyce, começa intrigante, especialmente por sua relação com uma cobra (sim, o animal tem mais carisma do que metade do elenco). Mas sua narração constante vira um recurso cansativo e, logo, perde o impacto. Já Jovovich parece incapaz de se desvencilhar do arquétipo de heroína apática, presa em um ciclo infinito de atuações genéricas. Sua Gray Alys, a bruxa que aceita qualquer missão sem hesitar, tem tanto desenvolvimento quanto um NPC de videogame – e isso não é elogio.
Mas se os protagonistas são problemáticos, os vilões são um desastre completo. Eles estão ali apenas para servir de obstáculos genéricos, sem motivações claras ou qualquer traço que os torne minimamente memoráveis. Afinal, de que adianta um mundo sombrio e perigoso se os antagonistas parecem ter sido escritos por um algoritmo preguiçoso?
E a narrativa? Bom, é um festival de fórmulas batidas e reviravoltas que qualquer um pode prever antes da pipoca acabar. A ação, que poderia ao menos trazer alguma adrenalina, é desajeitada e sem impacto, com coreografias que não convencem e uma direção que torna tudo visualmente genérico. Isso sem falar no uso pavoroso de cores, que tenta emular um visual de fantasia digital, mas resulta em algo mais parecido com um jogo de PlayStation 3 rodando em resolução baixa.
No final das contas, “Nas Terras Perdidas” é um lembrete do que acontece quando um material promissor cai nas mãos erradas. Um filme sem alma, sem charme e, acima de tudo, sem propósito. Se há alguma justiça no mundo, essa adaptação será rapidamente esquecida e, quem sabe, um dia alguém realmente capaz fará jus ao universo de Martin. Até lá, melhor reler os contos originais e deixar essa versão se perder no limbo.
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