Imagine enfrentar horas seguidas em um plantão exaustivo e, logo depois, virar a noite produzindo num estúdio de música? Pois é! Essa rotina intensa é o que move os amigos Rafael Peruchi e Rafael Coelho, o Fredy, que há cerca de um ano e meio formam a dupla Rafa & Fredy. A parceria musical neste formato é recente, mas a presença de um na vida do outro já atravessa quase duas décadas.
Os dois se conheceram ainda crianças, aos 9 anos de idade, no colégio e nunca mais se separaram. Ainda na infância os dois descobriram a sua paixão pela música. “Acredito que a música entrou na minha vida muito por influência do meu pai, que foi sempre ligado à música. Quando criança acabei acompanhando essa paixão dele e agora a música faz parte de todos os momentos do meu dia-a-dia”, conta Rafa.
“A música está na minha vida desde sempre! Uma resposta clichê, eu sei, então eu gosto de lembrar de uma história que a minha mãe sempre conta: “Aos 3 anos meu filho já cantava em inglês ou português as músicas do CD do carro, mesmo sem saber uma palavra quase. Como se mal sabia falar? Imitava o ritmo e seguia a melodia com uma empolgação inacreditável! E o amor pela música já tava escancarado.” Nesse ritmo, percebi que havia algo diferente quando aprendi a tocar violão sozinho, inicialmente, aos 9 anos de idade.”, relembra Fredy.
Além do amor pela música, Rafa & Fredy dividem a vocação para a medicina. “Essa é outra paixão que vem de berço. Lá em casa os meus pais e o meu avô são médicos. Então sempre tive essa admiração pela profissão, me inspirei muito neles.”, comenta Rafa. “O meu interesse pela profissão veio durante a adolescência. Naquele momento, eu enxergava uma carreira bonita e gratificante, ainda que de forma imatura e sem a compreensão completa do tamanho da escolha. Durante a faculdade, descobri que estava certo, ainda bem!”, conta Fredy.
E as duas profissões caminharam juntas na vida da dupla. Logo após entrarem para a faculdade de medicina, aos 18 anos, eles formaram a banda Doktor, com alguns outros colegas de turma. No entanto, o dia-a-dia corrido de um estudante da área médica acabou desencorajando os demais a seguirem paralelamente o caminho da música. Mas Rafa e Fredy continuaram firmes em seu sonho!
E realmente é necessário ter muita persistência para se dedicar a duas atividades que, à primeira vista, são completamente diferentes, mas a dupla enxerga algumas semelhanças entre a música e a medicina. “O cotidiano das duas profissões é muito intenso. Temos que estar sempre muito preparados e prontos para enfrentar os desafios, tanto na música quanto na medicina.”, avalia Rafa. E Fredy complementa o pensamento do amigo: “Vejo nas duas profissões uma humanidade intensa. Cada uma a seu jeito: na medicina a humanidade clara por tratar da sobrevivência, já a música desperta a humanidade na forma de emoção em todos nós, nos faz chorar, rir, desejar, empolgar…”, finaliza.
Devidamente formados, os amigos decidiram por dar mais espaço para a música em suas vidas. Em outubro de 2019, Rafa & Fredy lançaram o single autoral “Sempre Assim”. O trabalho de estreia contou com a produção musical de Fabricio Matos e com a participação do baixista André Vasconcellos. Matos é vencedor de dois Grammys Latinos, um em 2015 pela engenharia de som do Melhor Álbum de Rock (“Sol-Te”, da Suricato) e outro em 2017 pela engenharia de som do Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa (“Troco Likes”, do Tiago Iorc). Já Vasconcellos é reconhecido como um dos melhores baixistas da sua geração, tendo tocado ao lado de nomes como Hamilton de Holanda e Djavan.
Atualmente, Rafa e Fredy estão prestes a lançar o seu segundo single, “Sempre o Silêncio”, também de autoria da dupla. A música já está em execução nas rádios cariocas e figura entre as cinco mais tocadas no interior do Rio de Janeiro, tendo ficado em primeiro lugar na sua estreia. “Sempre o Silêncio” vem acompanhada de clipe. O trabalho chega ao mercado pelo selo Algorock Música, com distribuição da The Orchard.
Em tempos de pandemia da covid-19, a vocação de Rafa e Fredy para a medicina não foi deixada de lado. Ambos se dedicam no enfrentamento ao coronavírus, atuando na linha de frente em Centros de Terapia Intensiva no Rio de Janeiro. “Atuar como médico em meio à pandemia é um desafio muito grande. Viver de perto um momento como esses… A gente acaba evoluindo muito como pessoa.”, comenta Rafa. “As palavras que me vêm à mente são exaustão e desgaste. Sabemos da importância do nosso papel, cresci como médico e aprendi muito sobre humanidade nesses meses, mais até do que sobre a medicina em si. A exaustão e a intensidade do trabalho nesses tempos chamam muito atenção, sem dúvida o maior desafio desde que me tornei médico.”, reflete Fredy.
Diante de tamanho desafio e presenciando a população toda em quarentena, isolada em suas casas, ambos são uníssonos ao afirmar o papel terapêutico da música. “Música é saúde mental, enxergo que a música, pra quem vive em tempos de quarentena, pode ter o papel de ser a grande companheira nesse isolamento. Mais do que nunca!”, avalia Fredy. “Música é essencial. É uma terapia diária!”, conclui Rafa.
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