Depois do Havaí e da Sicília, a terceira temporada de “The White Lotus” se instala na Tailândia com novos personagens, novos escândalos e a mesma estrutura narrativa que consagrou a série: hóspedes ricos e narcisistas se cruzando com funcionários locais, em uma espiral de obsessão, desejo, culpa e violência. Criada por Mike White, a produção se mantém como um dos experimentos mais ousados da televisão ao combinar sátira social, drama psicológico e uma ambientação exuberante, desta vez sob uma estética espiritualista e carregada de tensão tropical.
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A nova temporada mantém os elementos centrais que definem a série: um resort luxuoso, uma crítica ferina à elite globalizada, trilhas sonoras inquietantes e a promessa (cumprida) de mortes no final. No entanto, há uma diferença marcante no modo como essa terceira parte se estrutura: enquanto as temporadas anteriores construíam tensão em torno de um ou dois núcleos centrais, a terceira temporada aposta num emaranhado mais ambicioso e difuso de histórias. E, embora alguns personagens brilhem intensamente, outros parecem apenas orbitar o cenário paradisíaco sem maior propósito dramático.
Elenco estelar, núcleos desiguais
Entre os destaques, Fabian (Sam Rockwell) se torna um dos personagens mais excêntricos e memoráveis de toda a série, enquanto Belinda (Natasha Rothwell), agora em nova fase, ganha mais profundidade do que teve na primeira temporada. Já os irmãos Ratliff e seu enredo envolvendo envenenamento, ressentimento familiar e uma tentativa frustrada de assassinato-suicídio oferecem momentos de humor sombrio, mas perdem impacto pela repetição de algumas ideias já vistas na série.
Outros personagens, como Chelsea e Gaitok, simbolizam o que há de mais cruel na construção moral do universo “The White Lotus”: a punição parece sempre recair sobre os mais inocentes ou vulneráveis, enquanto os privilegiados seguem adiante, blindados por dinheiro e impunidade. Essa lógica, longe de ser um defeito, é intencional — mas pode cansar o espectador mais sensível ou que espera um senso mínimo de justiça narrativa.
Final controverso, mas coerente
O episódio final, com quase uma hora e meia de duração, dividiu opiniões. Carregado de simbolismos budistas, câmeras lentas e um tom quase fatalista, o encerramento abandona qualquer senso de resolução em favor de um retrato cru e niilista das relações humanas. Muitos apontaram para o exagero estético e a previsibilidade do desfecho, enquanto outros defenderam a coerência com a proposta da série: “The White Lotus” nunca foi sobre respostas.
Apesar de algumas irregularidades e um final que pode frustrar parte da audiência, a terceira temporada de “The White Lotus” mantém a força crítica e estética da série. As paisagens tailandesas oferecem um contraponto visual fascinante à decadência emocional dos personagens, e a direção de Mike White continua afiada ao usar o exotismo como espelho para o vazio do luxo ocidental.
Quem busca um mistério redondo e bem resolvido talvez se decepcione. Mas quem acompanha “The White Lotus” pela sua dissecação cínica e inteligente das elites globais, pelos diálogos afiados e pela construção de personagens moralmente ambíguos, encontrará aqui uma temporada provocadora, incômoda e, como sempre, imperdível.
Destaque para as atuações de Sam Rockwell e Natasha Rothwell, o retorno simbólico das frustrações de Belinda, e a estética visual de tirar o fôlego. Uma série que continua instigando, mesmo quando erra.
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