O ano de 2025 consolidou o terror como a força criativa mais vibrante do cinema. Entre escolhas formais que desafiam padrões, leituras sociais que reorganizam expectativas e narrativas que invadem o território do psicológico com precisão quase cirúrgica, o gênero ampliou seu próprio espaço e reafirmou sua vocação estética e filosófica. A expansão se refletiu nas premiações, no interesse de diretores de prestígio e na forma como o público passou a enxergar essas obras. A equipe do Caderno Pop acompanhou de perto esse movimento e organizou os títulos que definiram a temporada a partir de suas análises críticas e interpretações técnicas.

“Pecadores”
Em “Pecadores”, Ryan Coogler transforma o terror em ritual de expiação. O diretor, em nova parceria com Michael B. Jordan, concebe uma narrativa que mistura o misticismo do sul dos Estados Unidos ao horror psicológico, evocando a tradição de Stephen King e o senso de espetáculo narrativo de Tarantino. A premissa de irmãos gêmeos retornando à cidade natal para enfrentar traumas e uma presença demoníaca oferece terreno fértil para metáforas sobre culpa, fé e identidade.
O primeiro ato, embora denso e saturado de subtramas, é compensado pela força simbólica e pela atmosfera ritualística que Coogler domina com precisão técnica. O filme se equilibra entre o espiritual e o terreno, entregando um terror de linguagem cinematográfica refinada, ainda que irregular em estrutura.
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“Faça Ela Voltar”
Os irmãos Philippou reafirmam sua voz autoral em “Bring Her Back”, um horror psicológico que abandona o susto fácil para construir um estudo sobre o luto e o vazio existencial. A tensão nasce da contenção: o filme alterna silêncios perturbadores e momentos de catarse, com um controle de ritmo que se aproxima do cinema de Ari Aster.
A casa herdada pelos protagonistas torna-se o epicentro de uma dor ritualizada, onde o sobrenatural opera como metáfora da impossibilidade de seguir em frente. Visualmente hipnótico, o longa consolida a dupla como uma das mais instigantes vozes do terror contemporâneo, emocional, calculado e cruel.
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“Nosferatu”
Robert Eggers revisita o mito fundacional do cinema de horror em “Nosferatu” e reafirma sua posição como um dos grandes arquitetos visuais da atualidade. A estética expressionista ganha corpo sob lentes modernas, sem perder o senso de desconforto e morbidez.
Bill Skarsgård constrói um Conde Orlok de presença física e metafísica, enquanto Nicholas Hoult guia a narrativa com uma fragilidade crescente. A fotografia, mergulhada em sombras e texturas, não busca sustos, mas um horror de composição e silêncio. É o tipo de filme que reafirma que o medo pode ser belo e devastador.
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“Desconhecidos”
“Desconhecidos”, de JT Mollner, é o thriller mais inventivo do ano. Dividido em seis capítulos fora de ordem, o filme faz da fragmentação seu motor narrativo. O espectador é lançado em uma perseguição brutal nas florestas do Oregon sem jamais compreender totalmente o que está acontecendo, e é justamente aí que o terror se instala.
Com fotografia analógica, edição agressiva e performances incendiárias, o longa lembra o espírito de “Death Proof”, mas o subverte com um olhar contemporâneo sobre gênero, poder e violência. Mollner entrega um estudo sobre manipulação e sobrevivência, embrulhado em uma estética de brutal elegância.
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“A Hora do Mal”
Zach Cregger redefine o horror autoral com “A Hora do Mal”. O desaparecimento coletivo de dezessete crianças em uma cidade pacata serve apenas como ponto de partida para uma obra sobre o colapso moral da sociedade.
O terror emerge de dentro, das casas, das instituições, das crenças. Com uma estrutura fragmentada e rigor técnico impressionante, Cregger transforma o caos narrativo em método, mantendo o espectador sob constante tensão. “A Hora do Mal” é menos um filme de sustos e mais uma experiência sensorial sobre a decomposição da inocência americana.
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“A Meia-irmã Feia”
“A Meia-irmã Feia” leva o conto de fadas ao inferno do real. A diretora norueguesa Emilie Blichfeldt cria uma fábula gótica sobre obsessão e mutilação estética, que desmonta o mito de “Cinderela” para discutir padrões de beleza e violência simbólica.
Com rigor histórico e uma direção de arte que combina o sublime e o grotesco, o filme impressiona pela maturidade visual e narrativa. O corpo feminino é aqui o campo de batalha entre o desejo e a repulsa social, em uma obra que dialoga com “The Neon Demon” e “O Orfanato”, mas possui identidade própria, fria, trágica e profundamente humana.
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“Bom Menino”
Em “Bom Menino”, Ben Leonberg cria um dos conceitos mais originais do terror recente, um filme narrado pela perspectiva de um cachorro. Todd e seu fiel Indy se mudam para uma casa rural amaldiçoada, e é pelos olhos do animal que testemunhamos a deterioração do humano diante do mal invisível.
A câmera rente ao chão, os sons abafados e a luz quase ausente constroem uma sensação claustrofóbica e melancólica. O horror aqui é emocional, o medo nasce da impotência diante da perda. “Bom Menino” transforma o ponto de vista animal em ferramenta narrativa e faz do afeto um lugar de terror.
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“Acompanhante Perfeita”
Drew Hancock reinventa o thriller tecnológico em “Acompanhante Perfeita”, onde uma inteligência artificial feminina se insere num relacionamento humano até o limite do colapso. O filme mistura crítica social, horror psicológico e ficção científica, explorando temas como misoginia estrutural e o controle nas relações de poder.
Visualmente calculado, o longa se destaca pelo uso de planos fechados e paleta fria, criando um constante desconforto visual. Iris, a IA protagonista, é ao mesmo tempo vítima e vilã, uma construção de personagem que provoca reflexões sobre autonomia e empatia. Hancock alcança aqui um equilíbrio raro entre tensão e discurso, provando que o terror pode ser também um ensaio sobre o humano.
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“Premonição 6: Laços de Sangue”
Após mais de dez anos, a franquia “Premonição” renasce com surpreendente vigor. “Laços de Sangue” mantém a estrutura clássica de tragédia inevitável, mas introduz uma camada intergeracional inédita, conectando eventos dos anos 1960 ao presente.
Zach Lipovsky e Adam B. Stein demonstram domínio sobre o que torna a série icônica, o jogo de causalidade e destino, mas reconfiguram sua linguagem para uma estética mais madura. O resultado é um filme que respeita o legado e, ao mesmo tempo, o renova. O terror volta a ser divertido, mas com consciência de forma e de tempo.
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“Presença”
Steven Soderbergh transforma o ponto de vista em protagonista em “Presença”. Filmado inteiramente sob a perspectiva de uma entidade invisível, o longa é um feito técnico e conceitual. A câmera flutua como um espírito silencioso, testemunhando o cotidiano de uma família sem nunca interferir, um voyeurismo desencarnado que redefine o olhar cinematográfico.
Lucy Liu e Chris Sullivan conduzem uma narrativa que oscila entre drama doméstico e horror sobrenatural, mas o verdadeiro protagonista é o olhar, a câmera que observa tudo sem corpo. “Presença” é um estudo sobre o ato de ver e ser visto, um terror que acontece não no que se mostra, mas no que se omite.
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