Mumford & Sons já foi uma das maiores bandas do mundo. Isso é um fato inegável. No início dos anos 2010, o grupo ajudou a popularizar uma estética folk grandiosa, transformando banjos frenéticos e explosões emocionais em um fenômeno de massa. Agora, com “Rushmere”, a pergunta inevitável é: essa volta às raízes representa um reencontro com a essência criativa ou uma repetição desgastada de uma fórmula que já teve seu auge?
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A produção de “Rushmere” reflete um esforço consciente de resgatar a sonoridade que colocou o grupo no topo, mas não se pode dizer que esse retorno seja exatamente inovador. Trabalhando com Dave Cobb, um produtor que domina a interseção entre folk e rock alternativo, o álbum mantém a assinatura do grupo intacta: crescendos bem calculados, harmonias vocais expansivas e letras que tentam capturar o espírito de um épico emocional. O problema é que tudo isso soa meticulosamente familiar.
Há um paradoxo central aqui: “Rushmere” tenta soar como um novo começo, mas é, essencialmente, um álbum que reafirma os mesmos alicerces já estabelecidos em “Sigh No More” e “Babel”. As construções instrumentais seguem o mesmo padrão de sempre, e a estrutura das composições sugere uma zona de conforto que Mumford & Sons parece relutante em abandonar. A produção é impecável, mas a previsibilidade cobra seu preço. Não há riscos, não há desvios significativos, não há a sensação de uma banda que voltou a tocar junta com algo novo a dizer.
Talvez o ponto mais problemático seja a falta de evolução na abordagem emocional. Os temas líricos de “Rushmere” exploram os mesmos dualismos que a banda sempre gostou de trabalhar – dor e redenção, perda e reencontro –, mas sem a urgência que fez esses tópicos ressoarem no passado. Em discos como “Wilder Mind”, havia pelo menos uma tentativa de escapar da fórmula folk convencional, mesmo que o resultado tenha sido inconsistente. Aqui, o que se vê é um esforço calculado para recuperar um terreno seguro, uma escolha compreensível do ponto de vista comercial, mas artisticamente limitada.
Outro aspecto que enfraquece o impacto do álbum é a maneira como o senso de dinâmica se torna previsível. As músicas começam delicadas, crescem para um refrão intenso e, eventualmente, chegam a uma catarse instrumental com violões marcados e percussão tribalizada. É uma estrutura que funcionou brilhantemente no passado, mas quando aplicada sem variação ao longo de um disco inteiro, perde muito de sua eficácia. A intensidade emocional se dilui quando tudo soa como uma tentativa de repetir um momento já vivido.
Isso significa que “Rushmere” é um álbum ruim? Não necessariamente. O trabalho instrumental ainda é sólido, os arranjos são bem executados, e a voz de Marcus Mumford continua carregada de um certo apelo melancólico. Mas é um álbum que se contenta em ser apenas competente, sem buscar a reinvenção ou a transcendência. Em um momento onde o folk contemporâneo encontrou novas vozes e abordagens (vide o sucesso de artistas como Noah Kahan), a impressão que fica é a de que Mumford & Sons, em vez de liderar essa evolução, escolheu se acomodar na nostalgia de um passado mais seguro.
No fim das contas, “Rushmere” é um álbum que entrega exatamente o que se espera de um retorno ao estilo clássico da banda nem mais, nem menos. Para aqueles que sentiam falta desse som, ele pode servir como um reencontro confortável. Mas para quem esperava ver um Mumford & Sons renovado, pronto para desafiar sua própria trajetória, a sensação inevitável é a de que esse retorno, na verdade, não levou a lugar nenhum.
Nota final: 55/100
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