Existem pessoas que traduzem o zeitgeist (espírito do tempo) de uma época. Essas pessoas se eternizam na história. Quando isso acontece com um artista, temos exemplos práticos de talentos que juntam R&B com pagode baiano, trap, dancehall, narrativa futurista e sensual, em texto calejado por finais de relacionamentos duros e que celebram superação e vitória. Pois tudo isso acontece no single novo de Iza, “Sem Filtro”, lançado agora em música e vídeo, que é o mais ousado da carreira.
Roteirizado pela própria e dirigido por Felipe Sassi, o clipe de “Sem Filtro” dá uma guinada radical sobre o clima solar do single anterior, “Gueto”, quando Iza celebrava a vida suburbana e feliz de carioca da gema.
O vídeo novo vem mais sombrio, misterioso e fatal (mais uma vez, símbolo do tempo que vivemos). A canção é mais sincopada no R&B, que é um dos gêneros favoritos da cantora, o que favorece cenários mais futuristas e momentos épicos de relacionamento, como interpretações na cama com coreografias de bailarinas ao redor.
Em entrevista concedida à imprensa nesta semana, a artista contou sobre a produção da música, clipe – que traz até um globo da morte – e falou um pouco de como gostaria de poder se desconectar e não ter que dar ouvidos aos haters e “especialistas” da internet.
“Uma viagem esse clipe, né? Eu queria muito uma narrativa diferente pra contar essa história. ‘Sem Filtro’ é uma música que fala de relacionamento de uma forma diferente, que eu não estou acostumada a cantar sempre, mas acostumada a ouvir. Eu comecei a pirar de que forma diferente poderia contar e comentar uma coisa comum na nossa vida, se apaixonar, se machucar, tentar se blindar, viver uma vida de relacionamentos e erros. E aí veio essa estética, que é um futurismo meio retrô que a gente tem do que seria o futuro. É um futuro mais cafona que a gente tem nesse clipe”, conta.
A gravação do clipe foi desafiadora, porque entre outras coisas, traz Iza em um globo da morte. “Essa cena do clipe é uma metáfora que se refere às borboletas no estômago, a sensação que temos quando alguma coisa tá pra acontecer, um encontro, e foi uma forma radical de contar essa história”, acrescenta.
Iza também contou sobre quais situações da vida ela aplica e tira filtros. Uma delas é quanto aos haters que habitam a internet e redes sociais. “A gente tem que se preocupar com o que fala e me preocupo muito com o que falo nas redes sociais. As pessoas se sentem influenciadas pelo que a gente fala, de certa forma, então tenho muito filtro pra isso, me preocupo muito. Faz parte do nosso trabalho entender como que a nossa voz e atitude impactam a vida dos outros. Ia ser muito bom se eu me desconectasse da opinião dos outros. Tá aí, me desconectar e não precisar ter filtro pra isso”, completa.
A artista contou que se sente muito exposta a vários “especialistas sem especialização” e à opinião dos outros – “e nem sempre aquilo vai ser construtivo”. “Às vezes a gente se prende na opinião de quem não fez parte do processo e aquilo faz diferença no nosso dia. Sempre digo pras pessoas que sou cagona, não sou madura pras redes sociais, eu me blindo pra isso por conta da questão da opinião dos outros que nem sempre vem com amor, construção e vem com frustração, estupidez, ignorância. É uma coisa que gostaria de me preocupar menos, ser mais “sem filtro” pra essas coisas”, finaliza.